Caro Menino, filho de Deus Pai, nosso irmão divino e enviado para iluminar, com a Tua luz, nossas vidas. É chegado, de novo, o Teu aniversário e estamos nos preparando para celebrá-lo com as honras merecidas. Afinal, já se passaram 2023 anos de Teu nascimento, nas difíceis circunstâncias, injustas formas que nós, cristãos, bem sabemos, com as provações, perseguições e fuga, em uma infinidade de aventuras, só possíveis a um mensageiro do Pai e de um novo tempo. As poucas adorações são a parte que nos alegra e nos fazem honrados como humanos.
Muito pouco aprendemos e esta carta, Menino Deus, não é só para mais uma vez Te louvar, ou realçar a Tua missão terrestre. Permita-me, com Tua benção, falar do quanto estamos necessitados de novamente ter nossos caminhos iluminados pela força de Tuas palavras, que pregastes ao longo da vida e de suas ações.
O primeiro pedido é que nos perdoe pela forma de celebração em que transformamos Sua data de aniversário. Há muito pouca lembrança do aniversariante e muita festa pagã, ceias fartas, bebidas, presentes entre aqueles que deveriam estar mais preocupados em Te agradecer. Luzes festivas, decorações luxuosas, shoppings e lojas cheios de consumidores, Papais Noéis por todos os lados e poucos, muito raros, presépios que Te façam lembrado, ou agradecimentos pelo tanto que nos abençoa. Não somos maus, Senhor, só estamos perdidos.
Este, então, é o segundo pedido. Ilumina-nos para voltarmos ao caminho de Teus ensinamentos, com a solidariedade cristã de olhar nossos irmãos necessitados, nossas crianças desamparadas, adultos sem teto ou família, idosos solitários e doentes sem leitos. Em nosso país, Senhor, já somos mais de 40 milhões de irmãos vivendo abaixo da linha da miséria, sem pão nem moradia, sofredores de muitos males e invisíveis aos olhos dos outros irmãos. A fome do pão os acompanha e a escuridão do saber os cega. Ajuda-nos, Senhor, a ter a sensibilidade de enxergá-los, estender nossas mãos para ampará-los, doar um pouco de nossas riquezas de alma e bolso, palavras de conforto para seu alento e justiça que nos honre os atos.
Há ainda, mais um pedido, Menino Deus. Guia os nossos governantes e detentores do poder terrestre, os donos de nossos destinos como povo sofrido de inquietação, de crises políticas, humanas e econômicas, a sacrificar a todos, exceto a eles próprios e os seus amigos da corte. Herodes ainda está entre nós a perseguir crianças, a negar-lhes a luz do conhecimento, os soldados romanos ainda castigam com açoites os adultos que não servem aos novos imperadores, criadores das leis e cruéis donos do poder. Como o Senhor bem sabe, as leis são criadas pelos poderosos, vencedores de lutas e guerras entre eles, nunca com o olhar dos menos favorecidos. Por falar em guerras, Menino Deus, ajude-nos a ficar livre delas, inclusive a que está destruindo os caminhos bem próximo de Nazaré, Belém e Jerusalém, onde o Senhor tanto andou com Teus pés sagrados.
Certa vez o Senhor disse que era “o caminho, a verdade e a vida”, nós, os Teus seguidores, acreditamos, mas novos pregadores têm surgido, afrontando igrejas, sinagogas, mesquitas e catedrais, construindo redes virtuais onde pregam a luxúria, riquezas materiais, poderes fúteis, desrespeito a valores cristãos e agressões ao próprio homem, louvando ladrões e mercadores de corpos e almas, chamados “influencers”, arrastando milhões de seguidores para o caminho do nada. Perdoai-os, Senhor, mas eles sabem o que fazem, mostre-lhes o caminho do bem.
Finalmente, e louvando o Teu nome, peço humildemente, como na benção irlandesa, que seja brando o caminho de nossos pés, que sopre o vento leve em nossos ombros, que o sol brilhe cálido sobre a nossa face, que as chuvas caiam serenas em nossos campos e que até o nosso novo encontro que Deus, pela Tua interveniência, nos guarde nas palmas de Suas mãos.