“O futebol brasileiro precisa do Cruzeiro com suas páginas históricas e imortais”. Essa é uma frase do presidente da Rede Itatiaia de Rádio, Emanuel Carneiro, que descreve a atual situação do clube Celeste. A opinião do aludido comunicador coincide com o mesmo pensamento de muitos outros integrantes da crônica esportiva estadual, assim como também de formadores de opinião de matizes distantes do mundo esportivo, mas que são, em outras palavras, torcedores no sentido de que os times mineiros merecem o respeito e se projetem em cenários brasileiro e mundial, como já se registrou no passado.
O Cruzeiro, pela sua longa trajetória, agora ingressando nos seus 100 anos de fundação, não merecia esta situação vexatória, rebaixado à disputa da Série B do Campeonato Nacional. Essa derrocada é real, nada obstante pelos motivos inconfessáveis, os seus autores são protagonistas de uma má gestão, solapando as finanças do time por extenso período, minando por tabela o próprio prestígio do clube mineiro mediante prática de atos imerecidos, deixando um enorme rastro de uma incomensurável rapinagem explícita, conforme processos existentes nos bastidores da Justiça. Na percepção dos especialistas, o Cruzeiro Esporte Clube é uma instituição maior do que a atual crise. Isso é fato.
Efetivamente, trata-se de um quadro com uma bela história. Nasceu no dia 2 de janeiro de 1921 por obra e graça de italianos e descendentes, à época com o codinome Palestra Itália. De lá pra cá se traduziu em uma espécie de enorme diário e se consolidaria ano a ano nos gramados dos campos verdejantes de rincões de todas as castas. Com o tempo, veio a denominação para Cruzeiro, em cuja bagagem foram forjadas as reluzentes e notórias conquistas, tanto no país como no exterior, por conta de taças arrebatadas para o seu endereço no Barro Preto como, por mais de uma vez, a da Libertadores da América, uma das maiores captações do clube Celeste.
Mas nem só de passado vive uma instituição como essa, mesmo contando com milhões de torcedores em Minas e no Brasil. Hoje, incide perante a nação Celeste um período de extrema dificuldade e um enorme calvário. E isso é lamentável, sob todos os aspectos. É do conhecimento de todos a péssima situação financeira e política vivida pelo time. Como dizem no jargão do mundo esportivo: as últimas administrações da Toca da Raposa deixaram por lá uma verdadeira terra arrasada, com dívidas efetivamente elevadas, comprometendo, inclusive, o rendimento do futebol profissional, razão maior da existência conjunto, agora submetido a essa caótica circunstância, que neste ínterim está levando o grupo à beira do abismo.
Para além desta realidade, é bom observar que ao longo destes 100 anos, muitos foram os desafios e cenas fortes emanadas pelos seus mandatários. Outrossim, como não pode deixar de ser registrado, o assunto de hoje é de pura responsabilidade dos dissimulados pretéritos gerenciadores. Por certo, o seu corpo diretivo atual, em pareceria com a comunidade azul, vão encontrar uma saída honrosa para essa significativa nação futebolística. Por todos os títulos, o Cruzeiro merece.
Quanto aos administradores sem escrúpulos e/ou pessoas que participaram da malversação do dinheiro do clube, que a justiça seja feita. Foram muitos os antigos comandantes de lá que se locupletaram. Tanto do ponto de vista financeiro e até mesmo os casos de alguns deles se elegendo parlamentares, usando o prestígio junto à torcida. Assim, nos resta citar o ditado popular para ilustrar bem este quadro: “a Justiça tarda, mas não falha”. Que assim seja.