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Moradores em situação de rua

O drama atinente a quem vive ao relento é sempre um tema recorrente em Minas e no Brasil. Nesta época de temperaturas mais baixas, o quadro de moradores em situação de rua é ainda mais dramático, porque existem 30 mil desabrigados em todo Estado, sendo 15.500 só em Belo Horizonte. O assunto exige um grau de responsabilidade mais cristalino das autoridades. Até porque, não é bom deixar em segundo plano uma resolução proativa para essa demanda, onde a presença do poder público é essencial.

Segundo uma pesquisa encomendada por órgãos ligados à Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), atualmente, são 30.355 pessoas nas vias públicas. A sondagem revela ainda que Minas é o terceiro Estado com esse quadro estatístico, ficando atrás de São Paulo e Rio de Janeiro.

Tudo ficou mais complexo a partir da pandemia da COVID-19, rememora o cientista social Luciano Gomes dos Santos. Ele afirma que depois da crise sanitária registrou-se um aumento no número de pessoas em condições precárias. Para o especialista, com o fechamento do comércio, dispensa dos empregos e redução da renda, muitos indivíduos perderam a capacidade de manter suas moradias. Naquela época, as redes de apoio tiveram suas ações afetadas, deixando essa população ainda mais desassistida.

A solução para a questão, mesmo que parcial, teria de acontecer em parceria com o poder público, iniciativa privada e sociedade organizada. Os desalentados carecem de receber incentivos para retornar à situação de outrora, mediante o acesso à moradia, qualificação profissional e acompanhamento psicossocial. Tudo isso conjugado com um programa de geração de renda, projetos culturais e iniciativas comunitárias.

Enquanto se especula a respeito de um plausível modelo ideal para mitigar esse drama humano, surge uma sugestão de governantes sobre a experiência realizada em Santos, município no litoral paulista. Lá existe o acolhimento emergencial nos Centros de Referência Especializados, em articulação com redes de saúde, assistência social e trabalho.

Para minimizar o fenômeno social, se impõe atitudes mais qualificadas e sem repressão por parte do poder público. Carece, sim, de apoio e contemplação que possam significar traços de dignidade. Então, fica a sugestão: planejamento, sensibilidade humana e ações coerentes para vencer esse desafio.