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Congresso de cangaceiros

O Brasil tem visto nos últimos dias uma verdadeira batalha travada entre o povo e o Congresso Nacional, que mesmo tendo sido eleito por vontade popular, trabalha descaradamente contra os interesses da grande maioria que elegeu seus membros. É como se fosse o Dragão da Maldade contra o Santo Guerreiro, título do último filme da trilogia da terra do cineasta Glauber Rocha. Uma luta onde um bando de políticos, muitos deles investigados, defendem unicamente seus interesses, sem se importar com o crescimento do país e as necessidades de seus cidadãos e cidadãs.

Uma declaração aberta de guerra entre os interesses dos mais ricos contra o resto da população, quando a maioria de seus integrantes, defendem a não taxação de impostos para aqueles que ganham mais, deixando a conta para os mais pobres, novela que estamos assistindo há bastante tempo. O país parou. Não se vota nada que o governo envia e que possa ser benéfico para o bom andamento da vida brasileira. Uma birrinha que vai criando músculos e que pode decretar uma das maiores crises institucionais que este país já viu.

Um sujeito de nome Sóstenes Cavalcanti, líder do PL na Câmara Federal, afirmou em entrevista, que o Congresso vai barrar o governo na indenização aos aposentados vítimas das fraudes do INSS. Afirmou que não querem novos gastos. Pura hipocrisia. Este mesmo cidadão aprovou na semana passada o aumento do número de deputados para a casa. Todos os projetos que apareceram na Câmara que poderiam beneficiar uma grande parcela da população foram rejeitados.

Querem congelar o salário mínimo, manter a escala 6×1, não zerar o imposto da cesta básica, aumentar a conta de luz, reduzir os investimentos em saúde e educação e continuam impedindo a isenção do Imposto de Renda para salários até R$ 5 mil. Mas em compensação, conseguiram reduzir os impostos para a compra de jet skis e iates.

O tal de Hugo Motta, presidente da Câmara, é o mentor intelectual desta confusão. Tudo porque está na mira do ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal, que tem combatido a ação da máfia do orçamento secreto. Esse deputado destinou uma emenda de R$ 13 milhões para o município de Patos, cidade no interior da Paraíba com quase 100 mil habitantes, cujo prefeito Nabor Wanderley é pai dele. Um detalhe, a localidade já foi governada pelo avô e também pela avó do Motta. Legado de família. Outra emenda ainda maior, de R$ 50 milhões, foi destinada para João Pessoa, capital do estado.

A cidade com pouco mais de 800 mil habitantes, uma das joias do turismo brasileiro. Mas tudo isso só nos mostra como os caras de pau usam e abusam daquela Casa do Povo. Existem outras cinco emendas para o município de Barra do São Miguel, interior de Alagoas, cidade governada por Benedito Lira, pai do deputado Arthur Lira, que foi presidente do Congresso. Benedito Lira morreu no começo do ano e Dino barrou a liberação do dinheiro a pedido do deputado do PSOL Glauber Braga. Daí nasceu aquela raiva do Lira contra o Braga. Intriga de prostíbulo. Os dois deputados Motta, atual presidente do Congresso e Lira, o ex, lideram um verdadeiro bando de cangaceiros mais modernos, bem perigosos e, principalmente, sem aquela visão de que o cangaço também foi um movimento de resistência contra a pobreza e a injustiça social. Precisamos chamar a “volante” para eles!

Pitaco 1: Em Minas, apesar do silêncio de muitos, o atual ocupante da Cidade Administrativa continua com a sina de vendedor de sua loja e está passando o “ponto”. A proposta continua de pé. Quer vender tudo, mas não lembra para quem deu isenção de impostos e que segundo a própria Secretaria da Fazenda, deixou de buscar mais de R$ 20 bilhões. Continua viajando e em uma paixão louca pelo presidente da República. Agora anuncia que comprou trens para o metrô. Fala que tem feito muitas coisas, mas não consegue consertar o elevador da Cidade Administrativa.

Pitaco 2: Nem o aperto que o Álvaro Damião passou com sua turnê de guerra amaciou seu coração. Continua dando tiro no pé com a greve dos professores, que foi uma categoria que abraçou a campanha do Fuad no segundo turno. Em contrapartida, ele conseguiu emprego para vários candidatos derrotados nas últimas eleições. Não quer saber nem das qualidades dos postulantes. Já deu o crivo e tá todo mundo empregado.