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Ser jogador de futebol

Quem não tem o sonho de vestir a camisa de um clube de futebol, disputar campeonatos, ganhar títulos, dinheiro e deslumbrar pelo mundo da bola? Ser um jogador de futebol profissional ainda é o sonho de muitos meninos e meninas. Ser uma celebridade e ficar milionário está atrelado a paixão por praticar o esporte mais popular do mundo. Uma jornada de pressões e interesses financeiros de família, empresários e clubes, que empurram crianças pelo caminho de um estrelato carregado de expectativa e de responsabilidade, sendo negociadas como se fossem “gente grande”.

Talento? Ninguém provou ainda que se nasça com ele. Um Pelé, Maradona e Messi para ilustrar exceções que não passam de 1% do mundo que joga bola. Uma raridade que, vendida como regra, colocou a frustração profissional e humana na vida dos jovens.

O futebol virou um “mercado” que, como tal, precisa de produto. Na linha do tempo, houve ainda mudanças sociais, na qual os campinhos de bairro sumiram. Nestes espaços de grama rústica ou terra, garotos de todas as idades jogavam misturados, sob a regra universal de marcar o gol.

Ainda hoje, o sucesso de um jogador de futebol está ligado à redenção social de toda sua família. Isso é facilmente percebido na situação da criança vendida para um clube. A idade limite para morar no alojamento é 14 anos, assim como há restrições para o menor viajar sozinho, especialmente ao estrangeiro. E apenas uma família pobre pode deixar tudo para trás para seguir o sonho do filho de ser jogador. Essa pressão começa nos clubes, que dão a falsa impressão que qualquer um aos 16 anos pode ser negociado por milhões e ser titular com facilidade.

No Brasil, existem cerca de 17 mil atletas inscritos nas federações em todas as categorias. Para tentar ser jogador é preciso ter o pé no chão, estudar e ter uma profissão além da bola. Infelizmente, a realidade em algumas instituições é a ganância atropelando etapas, formando máquinas ao invés de atletas que amam o esporte. Imagina uma criança de 6 anos viver 10 sob pressão para qualquer coisa.

Houve uma redução na faixa etária de busca, para assim, o quanto antes, encontrar um craque. Há alguns anos, a idade era 14 ou 15. Hoje, com 8 anos, já estão levando para a base, especialmente como forma de subverter a regra do “clube formador”. No Brasil tem uma lei que obriga os clubes profissionais terem os jogadores da base estudando (até os 18 anos), pois nem isso alguns fariam.

Os clubes profissionais começam a garimpar os meninos a partir dos 8 anos, e dependendo da maturidade, o pensamento de ser profissional começa a surgir naturalmente, mas não podemos esquecer do lado jogador e empresário. Quando chega à sonhada posição, o menino se vê em meio ao embate por dinheiro, travado entre empresário e clube. Os empresários do mundo da bola concedem aos jogadores, chuteiras, roupas, às vezes arrumam empregos para os pais, para dar mais segurança aos futuros jogadores e depois administrar a vida deles pelo mundo da bola.

Sem base emocional e liberdade criativa, não é anormal que sucumba. É um ser humano! Que cria, causa emoção e se emociona. E o sonho de ser jogador não para, enquanto a bola rola e é gol!