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Descaso pelo saber

A fixação do atual ocupante do Palácio Tiradentes da Cidade Administrativa de Minas Gerais por Lula é uma coisa doentia. É paixão mesmo! Não passa um dia, uma hora, um momento, sem mencionar o presidente. É no café, no almoço, na janta e até na hora de dormir. Coisa de paixão mal resolvida. Na maior parte das vezes a citação é feita de maneira jocosa e desrespeitosa, mas com aquela coisa que só os amantes não correspondidos podem entender. Até mesmo seus auxiliares mais diretos já não aguentam mais. O assunto aparece até mesmo em eventos oficiais. Até parece que recebeu uma orientação para falar o máximo possível o nome do Lula e o tem feito com muito êxito.

Enquanto a questão da paixão não é resolvida, a saúde em Minas vai sofrendo. A prova disto está no sucateamento do Hospital do Ipsemg, que já foi um dia referência no atendimento ao servidor público. A tentativa de privatizar o Hospital Maria Amélia Lins é a prova do descaso no atendimento médico das pessoas carentes. A Justiça impediu o edital para a licitação, mas o hospital foi quase desativado e como braço do Hospital de Pronto Socorro de BH, que também está prejudicado, está atendendo a população na base do conta-gotas.

Quando um gestor público não pensa em Saúde e Educação, bom sujeito não é. Não pensa em seus eleitores que depositaram confiança nos seus dois mandatos. Reclamar da dívida do seu antecessor só colou no primeiro mandato. No segundo, a dívida deveria ser assumida. E o pior, ela ficou muito maior e virou motivo de choradeira para quem herdá-la. Mas parece que o atual ocupante do palácio mineiro encontrou a fórmula mágica para resolver a questão.

Criou um PL 3.738 que trata de repassar para a União os bens de algumas autarquias do governo, entre elas a Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG). Criada em 1989 por um sonho do professor Aloísio Pimenta, essa universidade é de todos os mineiros, pois oferece ensino universitário gratuito em dezenas de municípios de Minas Gerais. O professor Aloísio foi, durante muito tempo de sua vida, colunista do Edição do Brasil, sempre defendendo a Educação. A UEMG oferece diversos cursos, entre eles o de design, já cotado como um dos melhores do mundo e o curso de Artes Plásticas da Escola Guignard, oriunda da Escola de Belas Artes do Mestre Alberto da Veiga Guignard, amigo de JK, que iniciou suas aulas no Parque Municipal, também tem reconhecimento. Talvez o governante não conheça a importância de Aloísio Pimenta e de Guignard, assim como desconhece a notoriedade da poeta Adélia Prado.

O seu vice-governador foi para a TV mostrar as vantagens dessa federalização. Segundo ele, todos irão ganhar, alunos, professores e servidores. A proposta soa como um amplo trem da alegria, pois existem diferenças entre os requisitos para a escolha de professores nas universidades federais. Além disso, a proposta não respeita a autonomia universitária de sua Reitora e do Conselho da Universidade. Uma aberração. Uma coisa muito estranha é o silêncio da nossa classe política com relação à toda essa negociata.

O ex-governador Antônio Anastasia foi o criador da Faculdade de Ciências Públicas da UEMG, hoje um dos mais procurados cursos oferecidos. O ex-governador Aécio Neves já foi entusiasta da Universidade, foi na sua gestão que surgiu a ideia de um Campus do Saber, na Cidade Nova, próximo à UFMG. Silêncio estranho também do deputado Betinho Pinto Coelho, terceiro vice-presidente da Assembleia. Filho do ex-governador Alberto Pinto Coelho e da professora Santuza Abras, escritora e diretora da Faculdade de Educação, que foi vice-reitora eleita pelo voto direto da comunidade estudantil.

Era uma pessoa apaixonada pela instituição. Muitos outros políticos à procura de votos aproveitaram os benefícios da universidade mineira ofertando cursos em sua região. Esses também precisam ser cobrados. Em suma, o Governo de Minas está interessado em vender e o resto que se exploda.

 

Pitaco 1: A mulher do senador Sérgio Moro está propondo um projeto para o Sistema Único de Saúde (SUS) atender mães e pais de boneca reborn. Eles já têm atendimento, só procurar o CERSAM.

Pitaco 2: O dinheiro levado dos aposentados não volta tão cedo. O governo podia suspender a cobrança dos consignados por três meses. Todo mundo ficaria feliz. Até quem roubou.