Qualquer pesquisa de opinião realizada nos anos 1990 mostrava a Educação como principal problema, juntamente com a inflação. Hoje, a realidade é bem diferente, felizmente.
E qual ou quais os motivos? No caso da inflação, tivemos, depois de muitas tentativas frustradas, a implantação do Plano Real em 1994, estabilizando os preços a ponto de considerarmos 5% ao ano como preocupante quando este era o percentual mínimo ao mês. Lembro-me bem de ter ido a uma solenidade em Sete Lagoas como governador, em maio de 1995, e ser recebido com cartazes de “10% é gorjeta” em alusão ao percentual de aumento dos salários. Era a realidade da época.
No caso da Educação, tínhamos na rede pública municipal de Belo Horizonte 165 mil alunos em 1993, total hoje reduzido para 97.969. Lembro-me de ter participado de Congresso Mundial de Prefeitos em Jerusalém a convite do governo de Israel e, ao dialogar com o prefeito de Amsterdam, Holanda, ouvir dele que não existiam escolas em construção na sua cidade, enquanto aqui estávamos construindo 15 novas escolas.
Na rede pública estadual, quando transferi o governo em janeiro de 1999, tínhamos 3.100.000 alunos e alunas, enquanto hoje este número foi reduzido para 1.900.000.
O ex-ministro da Educação do Brasil, Paulo Renato de Souza, tinha realizado um grande trabalho de mobilização com o programa “Toda Criança na Escola” e Minas estava à frente com o primeiro lugar nas avaliações oficiais de qualidade.
O principal motivo foi a redução da natalidade em todo o país, especialmente nas regiões mais desenvolvidas, abrindo espaço orçamentário para melhoria da qualidade do ensino e da remuneração dos profissionais. Alguns poderão dizer que houve migração para escolas privadas, mas este percentual não mudou muito.
Tive a felicidade de contar na Prefeitura de Belo Horizonte com o trabalho incansável da Professora Maria Lisboa e sua equipe quando sucedi Pimenta da Veiga e houve a continuidade devida. Enquanto a legislação exigia aplicação mínima de 25% das receitas, aplicamos 32% com a absorção de escolas estaduais e inauguração de várias outras unidades, a exemplo das três para ensino especial e a implantação da descentralização na gestão.
Eleito governador, fiz da Educação a meta número 1 e aplicamos anualmente 45% da receita do Estado na área. A continuidade foi outra característica e com o eficiente trabalho da Professora Ana Luiza Machado e de João Batista Mares Guia, realizamos uma verdadeira revolução escolar, enfatizando a “Qualidade da Educação” e utilizando 300 milhões de dólares de financiamentos internacionais obtidos pelo governo Hélio Garcia. Foram treinamentos, computadores, descentralização, obras de melhorias, escolas indígenas e incremento salarial acima da inflação.
Neste período, encontrei no governador Cristovam Buarque, na época no PT de Brasília, um grande aliado de ideais e, recentemente, ao reencontrá-lo na capital federal, pudemos atualizar nossos ideais. Cristovam foi grande incentivador do programa “Bolsa Escola” que exigia matrícula escolar para o recebimento do benefício criado inicialmente pelo ex-prefeito de Campinas, José Roberto Magalhães Teixeira, tucano como eu.
E por que o título do artigo? Porque cada vez mais com a complexidade da vida moderna, digitalizada, porém, desorganizada e violenta, precisamos manter a prioridade da Educação, sempre.