
De acordo com os dados do Censo Escolar 2024, houve crescimento no total de matrículas no ensino médio no ano passado, tanto nas redes públicas quanto nas privadas. Ao todo, foram contabilizadas 7,8 milhões de matrículas nessa etapa final da educação básica, representando um aumento de 1,5% em comparação com o ano anterior, que registrou 7,6 milhões de estudantes matriculados.
Ainda de acordo com o Censo, conduzido pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), a maioria dos estudantes do ensino médio, cerca de 82,5%, estava matriculada em turmas do período diurno. Já os demais 17,5% (aproximadamente 1,4 milhão de alunos) frequentavam as aulas à noite. Essa é a única fase da educação básica que apresenta uma proporção tão significativa de estudantes no turno noturno.
No Brasil, a maior parte dos alunos do ensino médio regular está concentrada em áreas urbanas, representando 94,5% do total de matrículas. Quando se observa a distribuição por redes de ensino, as escolas estaduais lideram, atendendo cerca de 6,5 milhões de estudantes (83,1% das matrículas nessa etapa). Dentro da rede pública, os estados são responsáveis por 95,8% dos alunos, enquanto a rede federal contabiliza aproximadamente 243,6 mil matrículas, ou 3,1% do total. Já a rede privada reunia, em 2024, cerca de 1 milhão de estudantes, o que corresponde a 13,2% do total de matrículas no ensino médio.
Para a coordenadora pedagógica Alessandra Diniz, o incremento nas matrículas do ensino médio indica uma recuperação do sistema educacional brasileiro. “Este crescimento reflete a confiança das famílias na educação básica e destaca a relevância do ensino médio para o desenvolvimento social e econômico do país, sinalizando uma recuperação após os desafios impostos pela pandemia e uma tendência de crescimento é clara, especialmente nas escolas públicas. Investir na educação é investir no futuro do país. Quanto mais jovens tiverem acesso e concluir o ensino médio, mais o Brasil avançará em termos de justiça social e desenvolvimento sustentável”.
A expansão do ensino médio traz diversos benefícios para o país. “Primeiramente, contribui para a formação de uma força de trabalho mais qualificada, essencial para o desenvolvimento econômico. Além disso, a conclusão do ensino médio está associada a melhores indicadores de saúde, redução da criminalidade e maior participação cidadã”, destaca Alessandra.
Apesar do crescimento, ainda existem desafios significativos a serem enfrentados. A oferta de vagas é insuficiente em algumas regiões, e a evasão escolar continua sendo um problema. Além disso, a qualidade do ensino precisa ser constantemente aprimorada.
A professora Magna Ribeiro diz que é importante a implementação de políticas públicas para enfrentar esses desafios. “Entre as iniciativas estão a ampliação das escolas em tempo integral, investimentos na formação continuada de professores e gestores, e a melhoria da infraestrutura escolar. O Programa Escola em Tempo Integral, por exemplo, visa aumentar o número de matrículas nessa modalidade, proporcionando uma educação mais completa e integrada”.
Ela também ressalta os programas de apoio à permanência dos estudantes, como bolsas de estudo e transporte escolar, além de ações de sensibilização para a importância da conclusão do ensino médio. “O Programa Pé-de-Meia, se bem conduzido, pode ajudar a reduzir a evasão prematura escolar. É necessário um esforço conjunto entre governo, escolas e comunidade para garantir que todos os jovens tenham acesso e permaneçam na escola até a conclusão do ensino médio”.