Considerada a filha menos rica da Conmebol ou para alguns torcedores a Série B ou segunda divisão do maior evento continental da América do Sul, a Copa Sul-Americana chega com força total nesta nova temporada.
Evidente que o sonho maior de todos os clubes é participar da Copa Libertadores. Dá mais prestígio e, principalmente, muito mais grana. Porém, não cabe todo mundo no mesmo sonho. Sendo assim, a Conmebol resolveu dividir a festa em duas partes. Uma mais luxuosa e apetitosa e a outra mais simples, embora com bom valor. O importante é não ficar de fora do baile.
A Sula, como é carinhosamente chamada pelos torcedores e boa parte da imprensa esportiva, é uma competição charmosa e de relevante integração. Começa com 44 times classificados de acordo com seus campeonatos nacionais. Destes, 32 se classificam para a fase de grupos, divididos em oito grupos de quatro. Os clubes brasileiros e argentinos entram direto nesta fase.
Cada time joga duas partidas contra os do seu grupo. Uma em casa e a outra fora totalizando seis jogos para cada um. É uma etapa pesada. O classificado em primeiro lugar de cada grupo segue em frente. Ao vencer cada etapa se habilita a chegar a grande final e buscar o título máximo do evento. É um desafio gigante. Além das honrarias, ainda tem dinheiro na parada.
A Conmebol melhorou os valores de premiação para este ano. A fase de grupos garante US$ 900 mil pelos seis jogos disputados. O vencedor ainda recebe mais US$ 115 mil. Na fase seguinte, os classificados recebem mais US$ 500 mil. Uma bufunfa legal. Os 16 melhores classificados pegam mais US$ 600 mil cada um. Alcançando as quartas de final, US$ 700 mil como bônus.
Os semifinalistas recebem mais US$ 800 mil. E, para fechar a tampa do cofre, o vice-campeão leva US$ 2 milhões e o campeão US$ 6,5 milhões. É uma bolada considerável. Em dólares. Pensa que acabou? Que nada! O campeão ganha o direito de disputar a Recopa contra o campeão da Libertadores. Tem mais um prêmio gordo para entrar no bolso.
Financeiramente, a Copa Sul-Americana representa um considerável reforço no orçamento dos participantes. Pode não ser uma maravilha, mas é um belo faturamento. Certos dirigentes desdenham, mas os olhinhos brilham quando seu time classifica.
E quem não deseja ver seu time participando de um torneio internacional de tamanha envergadura. Não é só o dinheiro da premiação. Ganha enorme visibilidade com grande espaço na mídia, valorizando sua marca. Pode oferecer melhor retorno para seus patrocinadores, vende mais produtos e se tiver um marketing competente dá para elaborar ações criativas para aumentar o faturamento.
Do lado técnico, a Sula sempre oferece jogos bem disputados, mostra bons times, excelentes jogadores e até revelações. Isso sem falar nos resultados inusitados. Vire e mexe surpresas acontecem. Dos atuais concorrentes, alguns já foram campeões da Libertadores ou da própria Sul-Americana. Outros lutam para brilhar no cenário continental, escrevendo páginas vitoriosas na sua história. É um torneio de guerreiros.
O Brasil participa com sete representantes: Vasco, Fluminense, Grêmio, Corinthians, Vitória, Atlético e Cruzeiro. Do exterior, alguns times tradicionais como o Lanús, Once Caldas, Godoy Cruz, Huracán, América de Cali, Independiente, Nacional Potosí e outros.
Não existe favorito e todos carregam potencial para chegar ao topo. Evidente que torcemos pelos nossos, em especial os mineiros. Entretanto, é preciso ficar de olhos e ouvidos bem atentos. Como costumamos dizer, não existe mais time bobo. Qualquer descuido, uma simples piscadela de olho, um erro da arbitragem e o sonho pode rolar morro abaixo.
É preciso entender que a Sula não é uma competição qualquer. Não tem moleza. Os envolvidos investem na formação de elencos qualificados. Fora de campo existe outra batalha complicada. Viagens longas e cansativas e logística maluca. Em certos locais, a altitude é um terror. Estádios e gramados nem sempre de primeira, pressão brava de torcedores e arbitragens que, na maioria das vezes, pisam na bola. Mas nada que não seja impossível de superar. Vamos para a luta sem pessimismo.
Puxando sardinha para nosso braseiro, acredito que Atlético e Cruzeiro, com total respeito aos demais, estão preparados para o desafio. Resta torcer para que tenham sucesso. Vai ser bonito ver os estádios lotados, a festa das torcidas e quem sabe a conquista da taça da querida Sula para Minas Gerais. Arriba.