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Pesquisa mostra dificuldade das pessoas com deficiência no mercado de trabalho

Foto: Freepik.com

 

Apesar de avanços importantes em legislações e políticas públicas de inclusão, a empregabilidade de Pessoas com Deficiência (PcD) no Brasil ainda enfrenta obstáculos consideráveis. A pesquisa “Radar da Inclusão: mapeando a empregabilidade de Pessoas com Deficiência” mostra que oito em cada dez trabalhadores com deficiência ou neurodivergência que possuem emprego acreditam que as empresas, em sua maioria, não estão preparadas para integrá-los em seus times.

Outro dado relevante foi o percentual de pessoas que preferem trabalhar em modelo remoto ou híbrido, que combina atividades presenciais e a distância. Essa preferência atinge 71%, superando os 58% que já adotam esse formato no momento. Ter a permissão da liderança para trabalhar de casa pode ser crucial para alguns profissionais que já possuem os recursos necessários, como mesas, cadeiras, softwares e outros itens que ajudam na execução de suas atividades. Isso ocorre porque, muitas vezes, esses trabalhadores não dispõem do essencial no ambiente de trabalho. O relatório mostra que um terço dos respondentes (33%) afirma que seu ambiente de trabalho não é devidamente adaptado a eles.

A pesquisa também revela que, para 25% dos entrevistados, a presença de programas de inclusão e acessibilidade nas empresas é um aspecto decisivo na escolha de oportunidades profissionais. Ao procurar emprego, cerca de 47% prefeririam ou optariam por vagas destinadas exclusivamente a pessoas com deficiência ou neurodivergência, enquanto 49% se candidataram a qualquer tipo de vaga disponível.

Para a especialista em Diversidade e Inclusão, Carla Souza, a falta de preparação das empresas é o principal obstáculo para que pessoas com deficiência ocupem posições no mercado de trabalho. “A inclusão vai além da simples adaptação do ambiente físico. É necessário transformar a cultura organizacional, oferecendo não apenas acessibilidade, mas também treinamentos para as equipes e lideranças sobre as necessidades e direitos das PcD”.

Carla ressalta que a deficiência vai muito além de uma condição física e deve ser entendida de forma mais ampla. “Pode ser cognitiva, auditiva, visual, motora, e as necessidades de cada pessoa variam de acordo com o tipo de deficiência. Portanto, as empresas precisam criar ambientes de trabalho inclusivos, em que todos se sintam respeitados e possam desenvolver suas potencialidades”.

A Lei de Cotas, instituída pela Lei nº 8.213/91, obriga empresas com 100 ou mais funcionários a reservar entre 2% e 5% de suas vagas para pessoas com deficiência. Para a psicóloga e consultora de Recursos Humanos, Renata Oliveira, “muitas vezes as empresas contratam pessoas com deficiência para cumprir a legislação, mas não realizam as adaptações necessárias e não oferecem o apoio adequado ao colaborador, o que resulta em um ambiente de trabalho pouco inclusivo”.

Esse tipo de estigma está diretamente relacionado à falta de conhecimento, segundo Renata. “É fundamental que as empresas invistam em capacitação e sensibilização, não só para as lideranças, mas para todos os colaboradores, para que vejam a inclusão como uma vantagem competitiva, e não um peso. Profissionais com deficiência, quando bem treinados e inseridos em um ambiente inclusivo, têm um desempenho muitas vezes acima da média”.

Ela afirma que as empresas devem adaptar seus processos seletivos para garantir que os candidatos com deficiência tenham igualdade de condições. “Investir em recursos de acessibilidade, como rampas, softwares de leitura de tela, e equipamentos específicos que atendam às necessidades de pessoas com diferentes tipos de deficiência. Além disso, oferecer programas de capacitação para todos os colaboradores sobre diversidade e inclusão, com foco em atitudes positivas e respeito à pessoa com deficiência também são ações positivas”, conclui.