
O estudo conduzido pelo Instituto Cidades Responsivas avaliou a eficácia do transporte coletivo em conectar áreas residenciais a locais de trabalho em até 45 minutos. De acordo com os resultados, Belo Horizonte alcançou o primeiro lugar, obtendo um índice de 0,36, seguido de Curitiba (0,26) e São Paulo (0,23), evidenciando a necessidade de continuar com investimentos e melhorias no sistema de transporte público da capital para assegurar a manutenção e o aprimoramento da mobilidade urbana, alinhando-se ao crescimento da cidade e às necessidades da população.
Um dos fatores que favoreceu o bom desempenho de Belo Horizonte foi a sua estrutura radial, que facilita o acesso ao Centro da cidade, onde estão localizadas a maioria das oportunidades de emprego. Atualmente, em Belo Horizonte, o sistema de transporte coletivo realiza mais de 24 mil viagens diárias, totalizando cerca de 500 mil quilômetros percorridos por todas as suas linhas.
Outro ponto positivo para Belo Horizonte foi o desempenho relacionado ao uso de carros particulares. Nesse aspecto, a cidade ficou em segundo lugar no indicador, com um valor de 0,71, atrás apenas de São Paulo, que alcançou o índice de 1,03 no estudo.
A especialista em transporte urbano e mobilidade, Mariana Oliveira, aponta que um dos pontos positivos é que a capital possui menor distância entre bairros e o Centro. “Isso contribuiu para o bom desempenho, mas em muitas regiões periféricas de Belo Horizonte, a infraestrutura de transporte ainda é insuficiente para promover a integração rápida entre as áreas residenciais e os principais polos de emprego. Ainda enfrentamos grandes desigualdades no acesso ao transporte público, porque as pessoas que vivem em bairros mais afastados e dependem exclusivamente dele gastam muito mais tempo do que o ideal para chegar aos seus locais de trabalho”.
Ela destacou que a falta de linhas diretas, a sobrecarga do sistema em horários de pico e o preço das tarifas são fatores que dificultam o acesso rápido ao emprego. “A conectividade entre os bairros e os centros de trabalho precisa ser melhorada. Muitas vezes, os trajetos envolvem longos períodos de espera ou múltiplas trocas de transporte, o que torna o deslocamento menos eficiente”, completa.
Michele Silveira, especialista em urbanismo, falou sobre a necessidade de uma abordagem mais integrada para a mobilidade urbana. “A eficiência do transporte coletivo não depende apenas da construção de novos corredores de ônibus ou da expansão do metrô. É fundamental que o planejamento urbano também leve em conta o crescimento das áreas periféricas, criando opções de transporte mais diretas e rápidas”.
A profissional ressalta a importância de projetos de integração entre diferentes modais de transporte, como ônibus, metrôs e bicicletas, para reduzir o tempo de deslocamento e tornar o sistema mais eficiente. “Precisamos de mais políticas que integrem os modais e que ofereçam horários mais flexíveis para os trabalhadores, principalmente aqueles que atuam em áreas mais distantes dos centros urbanos”.
Ela conclui dizendo que para o transporte coletivo se tornar realmente eficaz e promover a conectividade entre áreas residenciais e de trabalho, será necessário um esforço conjunto entre as autoridades municipais, estaduais e os cidadãos. “A chave para melhorar a mobilidade urbana passa pela integração de modais, otimização das rotas existentes, expansão da infraestrutura e uma maior atenção às necessidades das regiões periféricas”.