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Protocolos e Seleção

Como todos sabem, a FIFA é a dona absoluta do futebol mundial. Criada em maio de 1904, com sede em Zurique (Suíça), reúne cerca de 211 federações e/ou confederações nacionais, sendo responsável pela criação e organização das maiores competições de futebol do planeta. Por ironia do destino, é uma entidade sem fins lucrativos, apesar de movimentar bilhões de recursos financeiros. É maior e mais forte do que muitas empresas e bancos.

Ligada por laços umbilicais com a FIFA, mas atuando de forma independente, funciona o International Football Association Board (IFAB), entidade com 138 anos de existência, cuja responsabilidade absoluta é a criação e regulamentação das leis do futebol. As famosas regras com suas normas, regulamentos e penduricalhos.

Constantemente, o IFAB realiza vários cursos, testes e iniciativas, sempre buscando melhorar as leis do jogo de futebol. Anualmente, promove uma grande assembleia geral onde aprova as alterações nas leis do futebol. Ao longo dos anos, foram várias as modificações. Algumas mais simples, outras bem complicadas. Podemos destacar a regra das substituições, do impedimento, da bola na mão ou mão na bola, uso dos cartões, correção do tempo de bola rolando, implantação do VAR e outras.

Alguns testes não foram aprovados, continuam em banho-maria. Por exemplo, colocação de chip na bola, expulsão temporária, cobrança de lateral com os pés e problemas de invasão das áreas nas cobranças de escanteios ou pênaltis. Mas os estudos continuam.

No momento, o IFAB concentra atenção especial para implantar três novas determinações: permitir que somente o capitão de cada time possa se dirigir ao árbitro para reclamar ou pedir orientação. A ideia principal é acabar com aquele bolo de jogadores cercando o árbitro para reclamar.

A Conmebol pretende colocar em prática este expediente em suas competições desta temporada. Outra iniciativa será a de criar períodos de calma e reflexão quando o jogo estiver muito agitado. No caso, o árbitro determina uma parada para que os jogadores esfriem a cabeça. Para fechar, a nova ordem será a de permitir que o goleiro tenha somente oito segundos para recolocar a bola em jogo, sob pena de ser punido com falta contra seu time fora da área. O objetivo maior será o de acabar com a famosa cera.

Vamos aguardar para observar na prática se tais alterações vão trazer melhorias para a dinâmica do jogo. Não vai ser fácil. Temos uma cultura atrasada e enraizada em catimbar. Nossos jogadores e treinadores adoram reclamar, jogar para a plateia, mas as ideias são válidas e importantes. Afinal de contas, o torcedor paga um bilhete caro para ver o jogo em movimento. Ver bola rolando durante os 90 minutos. Qualquer outra atitude é roubo contra o cliente.

Mudando de prosa, vamos aproveitar para destacar, neste importante espaço, o que rola em relação à Seleção Brasileira de Futebol que se prepara para continuar disputando as Eliminatórias para a Copa do Mundo de 2026. Estamos em uma situação pouco confortável. Humilhante quinto lugar entre dez participantes. Argentina está na liderança, com 25 pontos. Uruguai aparece na sequência, com 20 pontos. Equador e Colômbia somam 19 pontos cada. O Brasil tem 18 pontos e o Paraguai 17 pontos. Um sufoco danado e muito pouco para uma seleção pentacampeã, cheia de belas histórias e enorme tradição.

O treinador Dorival Júnior terá que convocar sua frota de possíveis craques para a sequência oficial da competição, que acontecerá no dia 20 de março contra a Colômbia e 25 do mesmo mês contra a Argentina. Concorrentes fortes estão na nossa frente e vencê-los será de fundamental importância para uma boa arrancada rumo à Copa. Isso passa mais confiança e moral.

O mais complicado é que a Seleção Brasileira não passa segurança, nem credibilidade para a crônica especializada, muito menos para os torcedores. Nosso futebol virou algo altamente burocrático, sem criatividade, sem ginga, sem alegria. Parece que nossos jogadores entram em campo para cumprir uma obrigação. Qualquer resultado está de bom tamanho. O importante mesmo é reencontrar os amigos e promover uma boa churrascada.

Evidente que é pouco provável que o Brasil deixe de conquistar uma vaga para a Copa. As chances são imensas. Das 10 participantes, seis classificam. Caso aconteça algum tropeço de última hora ainda tem a repescagem, ou seja, uma sétima seleção pode conquistar uma vaguinha. É muita moleza.

Nos resta torcer para que o professor Dorival acerte na convocação. Ele e sua comissão tem mais do que tempo suficiente para observar, analisar e avaliar os melhores jogadores com perfil para praticar um bom futebol. Não precisa dar show, mas tem é que vencer, honrar a camisa e conquistar a classificação. Devolver para o nosso futebol todas as honrarias. Que o milagre aconteça.