O que seria uma ferramenta inocente, especialmente destinada ao entretenimento, as redes sociais estão se transformando em um preponderante desafio para o país. É que as plataformas não dão o apoio necessário para minimizar o impacto negativo na exibição de seus conteúdos para crianças e adolescentes. Por capricho econômico e financeiro, as firmas fazem muito pouco para estabelecer dispositivos capazes de minimizar essa escalada contra a classe reconhecidamente indefesa.
Um estudo realizado pelo Instituto DataFolha mostra que o uso excessivo das redes traz impacto direto sobre a segurança, saúde e o desenvolvimento. Para 95% dos respondentes, os usuários/ internautas estão ficando viciados, enquanto 92% dos entrevistados vaticinam que dificilmente eles se defendem sozinhos de violência e conteúdos inadequados para a faixa etária. Ficou constatado ainda que 87% concordam que a exibição de propagandas e comerciais para esse público incentiva o consumo em excesso.
Especialistas acreditam na possibilidade de prejuízo na aprendizagem da fala, quando se tem acesso às plataformas. Na pré-adolescência, podem adquirir uma compulsividade em jogos, além de dificuldades no convívio social, perpassando por problemas relacionados à saúde mental, socialização e habilidades de contato emocional com outras crianças.
A maioria da sociedade brasileira avalia como pífia a aplicação da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), pois o mecanismo tem sido ineficaz no combate à publicidade infantil. Mesmo sabendo da existência de propaganda de produtos ilícitos para esse público, as aludidas plataformas nada fazem.
Para a presidente da Comissão de Direito Digital da OAB/MG, Chayana Simões, é importante haver uma legislação sobre o tema, mas pondera sobre a necessidade de se fazer revisão do texto, periodicamente, com o fito de acompanhar e estabelecer novas diretrizes.
Em verdade, o chamamento é coletivo. As leis pelo mundo afora enfrentam um denominador comum de proteção/preservação aos menos resguardados. Se faz necessária a convocação de educadores, especialistas em relações humanas e tutores, para encontrarem juntos uma solução. Pelo ritmo desordenado dos dias atuais, a juventude caminha para um comprometimento cognitivo guiado pela força da web.