Quem gosta de futebol sabe bem o que é VAR. Essas três letrinhas juntas que abalam e assombram os torcedores e os analistas. Como todos sabem, VAR significa Video Assistant Referee ou Árbitro Assistente de Vídeo em tradução para nosso idioma. Quer dizer, devia ser um verdadeiro assistente, mas no fundo não é. Cismou que é o dono absoluto da verdade e do espetáculo. O sabe tudo, sem saber nada. A situação ficou tão estranha, que o apitador lá no gramado virou um bobo da corte. Não decide nada ou não está preparado para decidir coisa alguma. É obrigado a esperar sempre pelo tal VAR. Normalmente, o procedimento leva minutos intermináveis. Paralisa o jogo, corta a emoção, esfria os atletas, irrita todo mundo. Uma tremenda falta de respeito com torcedores, patrocinadores e demais envolvidos com o evento. Uma aberração.
O VAR foi criado para ser acionado em apenas três situações graves, com alta dose de dúvida na cabeça do árbitro em campo. Nos gols, nos pênaltis e nas expulsões. Repito, quando alguma situação for muito confusa para ser decidida a olho nu. Infelizmente, isso não é respeitado, nem considerado. Em qualquer lance claro de gol o danado do VAR tem que ser acionado. Aí demora um tempo enorme discutindo, trocando informações, traçando linhas e sei lá mais o que. Uma chacrinha interminável. Nos demais lances, a mesma coisa acontece. É algo irritante e agressivo. Só falta o VAR interferir nas escalações dos times, nas substituições e nos demais lances do jogo. E o pior de tudo, apesar de utilizar mil equipamentos e alta tecnologia, o VAR é mais lento do que um bicho preguiça subindo em árvore. Uma vergonha. Parece que é utilizado apenas para transferir responsabilidade. Ninguém assume nada. É um empurrando para o outro. O árbitro de campo, com apito na boca, fica correndo para lá e para cá, cercado pelos jogadores, discutindo, falando no interfone, olhando no visor e o tempo passando. Só toma alguma atitude quando o chefe VAR manda.
Sinceramente, tenho saudades daqueles árbitros do passado.
Eram duros na queda. Batiam no peito e gritavam: “o jogo é meu,
quem manda aqui sou eu”. Pronto, todo mundo afinava. A discussão
acontecia só após o apito final, no boteco da esquina.
Resolver uma situação inteligente para o VAR acredito que não
vai ter jeito. Não interessa aos donos do futebol. Mesmo assim,
surge aqui ou acolá algumas ideias para tentar melhorar a coisa ou
quem sabe até piorar. Por exemplo, a Federação Italiana de Futebol
apresentou ao International Football Association Board (IFAB), órgão
da FIFA que regulamenta as regras do futebol, algumas sugestões.
A) Paralisação do relógio a cada interrupção da partida, similar ao que ocorre no futsal. Neste quesito já existe algo. O árbitro marca de alguma forma o tempo de bola parada e acrescenta no tempo normal do jogo que é de 90 minutos. A maioria fala de forma errada que é acréscimo. Na verdade, o certo é falar tempo recuperado.
B) Implementar um sistema de desafios com um determinado número de revisões de lances duvidosos por equipe. Igual no vôlei. Estas propostas estão sendo analisadas pelo IFAB, devem passar por testes em torneios amadores e quem sabe aprovadas. O processo é lento. Igual ao VAR.
Na verdade, o que o IFAB devia parar de fazer é ficar inventando moda e criando regras idiotas, quando tem poder para simplificar tudo e acabar com as bobagens. Eliminar essa coisa de interpretação da regra. Isso não existe. Cada cabeça pensa diferente. Não dá certo. Acabar com as invenções de força excessiva, braço colado, intenção de fazer ou não falta e outras lorotas. Tudo isso só serve para irritar quem gosta do futebol. Paga ingresso, estacionamento, comes e bebes e vários produtos, sustentando um batalhão de pessoas. Futebol é coisa simples, já afirmou os grandes mestres da bola. E as regras precisam ser também bem simples e transparentes. Nem precisa de VAR.