Em meio a este emaranhado de jogos de futebol, cobrindo os mais variados eventos do Campeonato Brasileiro em todas as séries, Copa do Brasil, Sul-Americana, Libertadores, módulo II do Mineiro e outras competições internacionais, incluindo as Olimpíadas de Paris, ainda arrumei um tempinho para ler alguns relatórios sobre a movimentação financeira dos nossos principais times. Confesso que foi um negócio enfadonho, meio maluco e uma xaropada sem fim. Só mesmo os especialistas para entender tamanha confusão de números, faturamento, superávit, déficit, adiantamentos e sei lá mais o que. Uma engenharia financeira tremenda. Nem com inteligência artificial é possível achar o fio da meada. Mas vamos lá. Os dados são de 2023.
O faturamento de dez times do Brasil, ou seja, Flamengo, Corinthians, Athletico Paranaense, Palmeiras, Fluminense, São Paulo, Internacional, Botafogo, Bragantino e Grêmio, ultrapassou a casa dos R$ 8 bilhões. Atlético, Cruzeiro e América faturaram R$ 800 milhões. O campeão em arrecadação foi o Flamengo, com R$ 1.374 bilhões. Somando o faturamento de outros sete times da listagem, chegamos a um total que ultrapassa os R$ 11 bilhões. É muita grana. Maior do que a arrecadação de centenas de municípios, empresas e até bancos.
O difícil é entender de onde vem tanto dinheiro. As informações não são lá muito transparentes. Dá para deduzir que vêm da bilheteria, patrocínios, cotas de transmissão, sócio torcedor, adiantamentos e venda de jogadores. Deve ser.
A despesa também é bem alta. Consome fácil a maior parte do faturamento. O dinheiro sai que é uma beleza. Sem limites. Por esta razão, vários clubes são deficitários, vivem de pires na mão, pagando juros altíssimos e rolando suas dívidas sem parar.
Sport, Coritiba, Internacional, Fortaleza, Atlético e Flamengo, segundo o relatório, realizam um trabalho para reduzir suas dívidas. Parece que vem dando certo. Infelizmente, a maioria continua aumentando o endividamento.
Não sei onde tudo isso vai parar, mas o futebol profissional no Brasil é uma máquina de moer dinheiro. Quanto mais entra, mais sai. Na maioria das vezes nem entra, mas sai. Poucos times estão preocupados com uma gestão segura, equilibrada e de olho no futuro. Quase tudo é na base do aqui, agora. Amanhã é amanhã e ponto.
Mas vamos sair da grana e entrar na grama, outra polêmica danada no mundo do nosso futebol. Entra ano, sai ano e ninguém consegue achar uma solução para um bom gramado. O governo já torrou uma fortuna na construção ou reforma de arenas para a Copa do Mundo. Alguns clubes construíram suas belas e gigantescas arenas. Porém, o principal não foi resolvido. O gramado, o relvado, o campo de jogo, em todos os estádios é uma bela porcaria. Aí fica a grande pergunta. O que é melhor: grama natural ou grama sintética? Ninguém tem a resposta definitiva.
Os defensores do gramado natural falam em meio ambiente. Como se um campo de futebol fosse solucionar o problema climático do planeta. Os defensores do gramado sintético falam em custo-benefício, mas evitam tocar no assunto lesões nos atletas. Enfim, todo mundo sai pela tangente.
No meio desta guerra sem solução ficam os dirigentes. Bota grama, tira grama, coloca outra grama, faz enxerto de grama, faz remendo, pinta de verde e por aí afora. E a tal grama vai consumindo a grana do clube. Particularmente, penso que com esta quantidade de jogos e de shows, é impossível manter um gramado natural em perfeitas condições. Porém, também tenho dúvidas sobre a condição de conforto e segurança para os atletas no gramado sintético.
Na dúvida, melhor mesmo é fazer como o Real Madrid na nova arena que estão reconstruindo. Após o término do jogo, vão recolher o gramado e colocar no freezer para descansar. No próximo jogo, basta desenrolar a danada e já está no ponto. Como não entendo nada de grana, muito menos de grama, melhor deixar por conta dos doutores no assunto. E segue o jogo.