De acordo com dados do Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais (CBMMG), o Estado já registrou 10.101 focos de incêndio de maio até julho. Em 2024, já foram 12.451 chamados. Se comparado com o ano passado, nesse mesmo período de três meses, Minas tinha recebido 6.762 ocorrências.
Segundo a WWF Brasil, em todo o Cerrado, o maior bioma do Estado de Minas Gerais, entre 1º de janeiro e 23 de junho, foram detectados 12.097 focos de queimadas, um aumento de 32% em comparação ao mesmo período em 2023. É também o maior número da série histórica iniciada em 1998. Foram 4.085 focos só nos primeiros 23 dias de junho.
O especialista de Conservação da instituição, Daniel Silva, salienta que o aumento de queimadas no bioma está relacionado ao desmatamento na região, mas também à crise climática. “No entanto, as práticas humanas têm contribuído significativamente para a alteração do clima nesta área”.
O capitão da CBMMG, Warley de Paula, explica que o Cerrado tem uma vegetação muito seca durante o período de estiagem. “Essa característica propicia a evolução muito rápida dos incêndios que, por vezes, torna inviável seu combate devido à falta de segurança para as equipes de combate. Porém, o bioma tem um potencial muito grande de se restabelecer após a ocorrência de uma queimada”.
Diferente da Mata Atlântica, o segundo maior bioma do Estado. “Esse ecossistema é altamente sensível à ação dos incêndios. Esta floresta tem grande dificuldade em se recuperar, após a passagem do fogo descontrolado. Contudo, a vegetação é muito úmida, o que dificulta a propagação do fogo”, revela Warley de Paula.
Ele ainda cita que a ação humana é, de fato, a principal causa dos incêndios. “Seja por ato ou omissão, por dolo ou culpa. O maior problema enfrentado pelo CBMMG é a falta de consciência ambiental de pequena parcela da sociedade que desconhecem, ou que não levam em consideração, as consequências causadas pelas queimadas”.
“Os incêndios causam diversos prejuízos, como: ambiental, com o extermínio de fauna, flora e recursos hídricos; econômico, o fogo por onde passa causa destruição de bens; e na vida, com a diminuição da umidade relativa do ar, aliada a poluição, trazem agravos à saúde humana, principalmente para aquelas pessoas com histórico de doenças respiratórias, idosos e crianças”, acrescenta.
Ação do Estado
No início de julho, às instituições que integram a Força-Tarefa Previncêndio se reuniram para apresentar as estratégias e planejamento para enfrentamento aos incêndios florestais em Unidades de Conservação (UCs) de Minas Gerais durante o período crítico de estiagem, que vai de julho a outubro.
Uma dessas ações é o trabalho de capacitação junto aos municípios no âmbito do programa “Minas Contra o Fogo”. Promovido pelo Instituto Estadual de Florestas (IEF), em parceria com a Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad), Coordenadoria Estadual de Defesa Civil (Cedec) e CBMMG, o projeto integra as cidades que mais tiveram focos de incêndios, entre 2013 e 2021.
Neste ano, a iniciativa é desenvolvida em parceria com 24 municípios do Estado e prevê a capacitação de brigadistas, auxílio na elaboração e execução de planos de contingência para prevenção e combate em áreas públicas e privadas, além de orientação às prefeituras para decretação de estado de emergência, em caso de necessidade.
A secretária de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, Marília Melo, destacou que o governo está trabalhando junto às prefeituras para estruturar os municípios. “Nosso principal indicador de desempenho é o tempo de resposta. Quanto mais rápido um incêndio florestal é atendido, menores vão ser as consequências”.
As cidades aptas a aderir ao programa recebem Equipamentos de Proteção Individual (EPIs), doados pelo IEF. Além de capacitar 147 brigadas florestais ao longo dos próximos anos, com 33 municípios aderindo à primeira edição (2023) e 24, até o momento, na segunda edição (2024).