Nos últimos anos, o setor de franquias no Brasil tem mostrado um crescimento robusto. Conforme dados da Pesquisa Trimestral de Desempenho, realizada pela Associação Brasileira de Franchising (ABF), o faturamento do segmento passou de R$ 50,8 bilhões para R$ 60,5 bilhões, no 1º trimestre de 2024 em comparação com o mesmo período do ano passado, um aumento de 19%. No acumulado de 12 meses, houve uma expansão de 14,3%, com o rendimento passando de R$ 218,962 bilhões para R$ 250,367 bilhões.
De acordo com análise feita pela entidade, o crescimento é resultado de fatores sazonais e do forte desempenho dos segmentos de alimentação (tanto comércio e distribuição quanto food service) e serviços e outros negócios. “Entre os fatores, destaque para o dia a mais em fevereiro e, principalmente, a Páscoa ter caído este ano no 1º trimestre, o que, associado a maior demanda por chocolates finos, trouxe grandes resultados para as franquias desse produto”.
“O cenário macroeconômico também foi fundamental para o desempenho do setor. A elevada taxa de ocupação, o Produto Interno Bruto (PIB) no 1º trimestre, a queda da taxa Selic e a inflação mais controlada estimularam uma maior disposição da população que aqueceu o consumo”, acrescenta a ABF.
Para o economista e professor da Una Sete Lagoas, Wagner Cardoso, o aumento do faturamento do segmento se deve também à resiliência e à capacidade de adaptação das franquias. “Especialmente durante a pandemia, quando muitas redes investiram em tecnologia, diversificação de canais de venda e estratégias de marketing digital. Além disso, setores como alimentação, saúde e beleza, e educação viram um aumento significativo na demanda. O apoio institucional e facilidades de financiamento também contribuíram para essa expansão”.
“Além do mais, o mercado brasileiro tem atraído marcas internacionais, interessadas em explorar o potencial de consumo do país. Essa entrada de novas instituições contribui para a diversificação e o fortalecimento do setor, ao mesmo tempo em que promove a troca de conhecimentos e práticas de gestão inovadoras”, explica o economista.
Ele destaca que a tendência é que o segmento continue em alta. “As franquias têm se mostrado um modelo de negócio robusto e adaptável. Com a economia em recuperação e a continuidade dos investimentos em inovação e tecnologia, o setor tem boas perspectivas de crescimento nos próximos trimestres”.
Operações
Segundo o balanço, foram abertas 4,3% mais operações e encerradas 1,9%, resultando em um saldo positivo de 2,4%. Em relação aos repasses, a estabilidade se manteve. A variação no 1º trimestre de 2024 representou um acréscimo de 5.733 operações de franchising no país ante o mesmo período do ano passado, totalizando 190.144 operações. Em relação aos empregos diretos, o setor totalizou 1,658 milhão, 4,9% a mais do que no mesmo período do ano anterior.
Todos os segmentos registraram crescimento, sendo o de alimentação (comércio e distribuição) o que teve mais expressão (43,9%), alimentação food service também se destacou com um aumento de 26,6%, serviços e outros negócios registrou alta de 25,3%. Na sequência, vieram os de entretenimento e lazer (19,6%), casa e construção (15,8%) e saúde, beleza e bem-estar (14,7%).
Cardoso pontua que as franquias representam uma excelente opção para o empreendedor brasileiro. “Além de oferecerem um modelo de negócio comprovado e estruturado, o segmento proporciona suporte contínuo ao franqueado, o que diminui os riscos envolvidos no empreendedorismo. A diversidade de serviços em alta também permite que os empreendedores escolham áreas que mais se alinhem com seus interesses e expertise”.
O economista finaliza dizendo que os empreendedores devem estar atentos à escolha da franquia. “É crucial avaliar detalhadamente o contrato e entender todas as obrigações e benefícios. Além disso, a capacitação contínua e a manutenção dos padrões operacionais são essenciais para o sucesso. O empreendedor deve estar preparado para seguir as diretrizes da franquia e investir no relacionamento com clientes e fornecedores”.