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9 em cada 10 brasileiros tomam medicamentos por conta própria

Uso em excesso pode causar efeitos colaterais – Foto: Freepik.com

Um estudo do Instituto de Ciência, Tecnologia e Qualidade (ICTQ) mostrou que a automedicação se tornou um hábito comum. De acordo com o levantamento, 9 em cada 10 brasileiros tomam algum remédio por conta própria. Pessoas de ambos os sexos, economicamente ativas e com um maior grau de instrução são as que mais consomem medicamentos sem prescrição, seja para aliviar dores de cabeça, nas costas ou sintomas de resfriado.

O clínico geral Marcelo Bechara alerta que o paciente pode acabar mascarando sintomas de uma doença mais grave e dificultar o seu diagnóstico. “Isso porque vai tratar apenas a consequência e não a causa. A dor pode ser aliviada com o remédio, porém, quando fizer um exame, talvez possa ter alguma enfermidade incurável ou intratável”.

Ainda segundo a pesquisa, os principais remédios tomados por conta própria são: analgésicos (64%), antigripais (47%) e relaxantes musculares (35%). Ansiedade, estresse e insônia foram citados por 6% da população como sintomas para buscar a automedicação.

Bechara reforça que o uso frequente destes medicamentos também causa efeitos colaterais. “No caso dos analgésicos, a pessoa vai precisar tomar uma dose maior para ter aquele efeito desejado, além de desenvolver dependência química ou psicológica daquele remédio. Já os antigripais, existem alguns que podem acelerar o batimento cardíaco e provocar arritmia. Os anti-inflamatórios, usados em excesso, resultam em gastrite”.

Com a facilidade de acesso à informação, 68% das pessoas conseguem obter orientações sobre doenças e seus tratamentos mais rapidamente e, inclusive, conseguir remédios que obrigatoriamente necessitam de receita. Para Bechara, os pacientes buscam o diagnóstico pela internet, usando até mesmo a inteligência artificial. “Vale reforçar que esses programas não sabem interpretar um exame associado ao quadro clínico. Informação e educação são fundamentais para a população saber que a prática não é legal”.

“Se tivesse mais fiscalização e punição severa, haveria muito menos locais clandestinos ou que agem a margem da lei vendendo medicamentos que necessitam de prescrição médica”, conclui Bechara.