O uso de espaços ociosos para a produção de alimentos tem sido incentivado em Contagem. Um exemplo disso é a horta comunitária Vale das Amendoeiras, no bairro Nacional. A área, gerenciada por um grupo de 11 pessoas, com o apoio do Centro Municipal de Agricultura Urbana e Familiar de Contagem (Cmauf), já está toda ocupada com canteiros de hortaliças, plantas medicinais, produção de mudas e uma composteira comunitária. Em apenas sete meses, agricultores estão colhendo para o consumo e vendendo alimentos saudáveis para a comunidade.
Quem visita o espaço pode ver o desenvolvimento, comprar mudas ou um alimento fresco e saudável. “Comercializamos bastante para os moradores do entorno. Também temos alguns projetos de médio e longo prazo, com o objetivo de levar nossos produtos às feiras e tornar esse ofício mais conhecido”, afirma a presidente do grupo comunitário, Imaculada Gonçalves.
O espaço está repleto de hortaliças convencionais e tradicionais, plantas frutíferas e flores. Segundo Imaculada, um dos projetos futuros é ter uma cozinha comunitária no espaço e fomentar o cultivo e o consumo por crianças. “É importante as crianças entenderem desde cedo a importância das frutas e verduras na alimentação, assim como os processos de produção”, completa.
No local também é feito o reaproveitamento de materiais recicláveis. “Aqui nada se perde. Transformamos algo que iria parar nos aterros sanitários, como papelão e plástico, em material útil para o nosso ofício”, ressalta Imaculada.
Além da horta comunitária Vale das Amendoeiras, a Secretaria de Desenvolvimento Social, Trabalho e Segurança Alimentar da cidade vem acompanhando o desenvolvimento de outras hortas ou unidades produtivas pela cidade, como o Espaço Eco-X, no bairro Xangri-la, cuidado pela associação de moradores do bairro, e o terreiro Inzo Ia Nzambi Ngunzo, no Jardim Laguna, uma das ações feitas é a realização de visitas a esses espaços.
O coordenador do Espaço Eco-X, Alexandre Silva, detalha seus planos. “A colheita deve começar em breve e queremos fazer parte de algumas feiras e vender nossos produtos. Já no restante do terreno, pretendemos construir uma composteira, produzir mel, fazer um reflorestamento, bem como empreendimentos que visam à utilização da natureza sem degradá-la”, completa.
Já Cleverson Cristinei, conhecido como Pai Tavu, do terreiro Inzo Ia Nzambi Ngunzo, ressalta a importância da horta para a comunidade. “Nos voltamos para esse cultivo, pois conseguimos economizar nos gastos. Temos as plantas que usamos em nossos rituais, outras para consumo da casa, e as que doamos para as pessoas da comunidade. Atualmente, a horta atende cerca de 35 a 40 famílias”, explica.
Para a subsecretária de Segurança Alimentar, Nutricional e Agroecologia, Cida Miranda, o objetivo das visitas é verificar de perto o desenvolvimento das unidades produtivas, reconhecer o esforço das pessoas envolvidas e escutar as principais demandas dos grupos para um melhor desenvolvimento das experiências.
“Entendemos melhor as reais necessidades e as prioridades. Ver a evolução de cada experiência é uma alegria para nós que trabalhamos incansavelmente para fortalecer essa política pública no município. Nosso objetivo é contribuir com a organização comunitária dos grupos, assim como a assistência e a formação em técnicas agroecológicas, para que os agricultores ganhem autonomia, levem comida saudável para a família e gerem renda com a comercialização do excedente”.