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Relatório projeta alta nos preços das passagens aéreas no Brasil

Para os trechos com maior tráfego de passageiros, o acréscimo foi ainda maior | Foto: Pixabay

Os preços das passagens aéreas no Brasil dispararam em 2022. É o que mostra uma pesquisa conduzida pela Onfly, startup especializada em gestão de viagens e despesas para empresas com base em dados extraídos da própria plataforma e do site da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). Em 2021, a tarifa aumentou 19,3% e, este ano, até fevereiro, a alta foi de quase 15%.

Para os trechos com maior tráfego de passageiros, o acréscimo foi ainda maior, entre três e quatro vezes. Além das empresas diminuírem as tarifas promocionais, que levavam os preços para baixo dos valores convencionais, ainda foram adicionados os reajustes. Por exemplo: os trechos São Paulo (Congonhas) ao Rio (Santos Dumont) e São Paulo (Congonhas) à cidade de Belo Horizonte (as duas rotas comerciais mais importantes do país) apresentaram as maiores variações. O custo da passagem chegou a ficar quatro vezes mais caro, lembrando que são viagens que levam em torno de 1 hora e 20 minutos de avião.

Segundo a Anac, no 1º trimestre deste ano, o valor médio das tarifas aéreas domésticas foi de R$ 548,16, acréscimo de 21% em relação ao custo acumulado nos três primeiros meses de 2019, período pré-pandemia, quando os bilhetes foram vendidos, em média, por R$ 453,51. Ainda segundo a agência, de janeiro a abril, os valores tiveram um aumento de 41,5% na comparação com igual período de 2021.

Para o CEO da Onfly, Marcelo Linhares, diversos fatores influenciaram na elevação da tarifa dos voos nacionais, como o reajuste que as companhias aéreas realizaram no período de flexibilização e retomada das viagens pós-pandemia, sejam elas de negócios ou turismo. “Além disso, as empresas seguraram os valores das passagens com custos promocionais artificialmente devido à baixa demanda e procura durante a crise sanitária”.

De acordo com ele, outro fator é a guerra no Leste Europeu que bagunçou o mercado mundial energético e de combustíveis. “As incertezas dentro do cenário macroeconômico global elevaram, com valores recordes, o preço do petróleo, influenciando expressivamente o custo médio do querosene de aviação (QAV), somado ao aumento na cotação do dólar, que pressionou o setor da aviação, com efeitos diretos nas passagens aéreas nacionais e internacionais – focos de discussões dentro e fora do mercado”.

Conforme a Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear), o QAV responde historicamente por mais de um terço dos custos do setor que, por sua vez, têm uma parcela de mais de 50% dolarizada. O CEO explica o que compõe as tarifas das passagens. “Em geral, metade dos custos da aviação são em dólar, então o aumento da moeda americana influencia bem no crescimento do preço. Com a oferta equilibrada e uma maior demanda, causada pelo relaxamento da pandemia, os valores naturalmente subiram. Outro ponto que vale reforçar é que estamos comparando com uma base do ano passado muito baixa”.

Para Linhares, a demanda global por viagens aéreas cresceu após o relaxamento da pandemia. “Empresas como Azul e GOL já retornaram o volume de viagens e o que estamos vendo na Europa é que as companhias não estavam preparadas para este aumento de volume”.

Ele orienta que o tempo de antecedência de compra é hoje o melhor jeito para reduzir gastos com o bilhete. “Fazer a aquisição meses antes da viagem e pegar tarifas promocionais das aeronaves diminuem bastante as despesas”.

O desenvolvedor de software, Gustavo Henrique, diz que antes da pandemia costumava fazer pelo menos duas viagens por ano, uma delas internacional. “No entanto, depois do pico da pandemia, tenho encontrado passagens mais caras. Eu viajei uma vez após o relaxamento da quarentena, porém é impossível não notar o aumento nas passagens, os voos nacionais estão muito caros, quase o dobro quando comparado a 2019 ”.

Ele conta o que faz para conseguir melhores preços e ofertas. “Procuro voos em horários mais baratos e em dias que não possuem tanto fluxo e os aeroportos vão estar mais vazios. Também tento comprar com o máximo de antecedência possível e um amigo me aconselhou que outra forma de baratear a passagens é escolher aeroportos que tenham mais oferta de voos”.