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Marcha para o Oeste

A Marcha para o Oeste, como por exemplo a norte-americana, se deu de forma agressiva e avassaladora | Foto: Encyclopædia Britannica, Inc.

A ocupação de qualquer território nunca foi feita de forma pacífica ou sem agressões à natureza ou a seus nativos. Não estou a tratar de guerras entre países ou beligerância entre irmãos, mas da legítima ocupação de vastidões de terras perdidas, como a oeste e norte do Brasil.

Nossa civilização nasceu, cresceu, ao longo de nosso imenso litoral, logo após o descobrimento, com incursões de bandeirantes pelo interior na busca de riquezas como ouro, diamantes ou pedras preciosas. Não havia um programa de ocupação, mas de exploração. Natural que houve confronto entre nativos e caçadores. As armas dos invasores falaram mais alto, as doenças e costumes dos brancos foram determinantes e agressivas nas mudanças da vida, ou morte, de nossos índios. Nos dias de hoje seriam tratados como homicidas e predadores da natureza, o que de fato o foram. Naqueles tempos, imaginem, até a escravidão do negro era permitida. Se existisse o Ministério Público atual, naquela época, tudo estaria paralisado, seria uma sociedade morta.

A Marcha para o Oeste, como por exemplo a norte-americana, se deu de forma agressiva e avassaladora, rompendo fronteiras com o estímulo e proteção do governo, uma espécie de reforma agrária à base da força e dos rifles. Passaram por cima de tudo, natureza, búfalos, ursos, índios e o que mais houvesse e pudesse ser visto como obstáculo. Compraram territórios do México ou os tomaram. Os exemplos de ocupação de territórios, pelos países chamados civilizados da Europa, sempre se deram de forma semelhante, assim como a exploração mineral sem limites.

Nosso Brasil, e seu território continental, nunca teve uma política de ocupação de terras ou exploração mineral que fosse respeitada e trouxesse vantagens sociais ou estratégicas. Lá se foram os tempos em que quaisquer desequilíbrios ambientais ou sociais passassem desapercebidos pelo mundo. Os satélites monitoram qualquer metro quadrado vítima de incêndio ou onça caçada por predadores. Imensidões de terras estão à mercê de ocupantes ilegais, fraudadores de posse ou negociantes inconsequentes. A lei, que é ineficaz nos grandes centros contra os grandes crimes, no que diz à ocupação da terra inexiste. Ou se faz cega.

O brasileiro honrado e pagador de impostos, na verdade, é o único povo que não se beneficia de seu território. A exploração da madeira clandestina graça em nossas matas e é exportada à luz do dia, nosso ouro amazônico é extraído pelos vizinhos e patrícios de forma criminosa, plantas medicinais são colhidas por estrangeiros e comercializadas sem nenhum controle e, assim, um catálogo de outros crimes contra a terra, os nativos e às florestas. Seus incêndios, mais que programados, acontecem sem indignar nosso povo e nenhum controle por quem deveria combatê-los. Nossas fronteiras, imensas, não possuem fiscalização nem rigor necessários à saída de bens proibidos ou entrada de males ainda piores.

A Amazônia transformou-se em território do crime organizado, nas palavras do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD), coberto de razão.

Somos, enfim, um país entregue a tsunamis ilegais, à deriva na desordem das fronteiras, explorado pelos negociantes inescrupulosos, predado por aventureiros e desprotegido pelas nossas forças públicas.

Um dia vai chegar, espero, em que o Brasil seja verdadeiramente um país protegido pelo seu povo, tanto na escolha de seus governantes ou no cumprimento de suas leis, em defesa de seu território, especialmente porque o futuro está na ocupação e proteção do nosso oeste e norte. De forma sustentável, claro.

*Nestor Oliveira
Jornalista