Home > Artigo > Para que servem as próteses penianas compradas pelo Exército por R$ 3,5 milhões?

Para que servem as próteses penianas compradas pelo Exército por R$ 3,5 milhões?

Representantes do exército brasileiro vieram a público para justificar o motivo pelo qual a força armada havia comprado cerca de R$3,5 milhões em próteses penianas. Ao todo, foram comprados 60 objetos que custam entre 50 e 60 mil reais. Os modelos comprados pelo exército são os mais caros da categoria. 

Depois de tanto burburinho, a pergunta que fica é: para que serve a prótese peniana? De modo geral, o objeto é utilizado por nós, urologistas, no tratamento contra a disfunção erétil em graus mais severos. Ou seja, o objeto é utilizado para restabelecer a função sexual das pessoas que perderam a ereção. Porém, as próteses são usadas, geralmente, como último tratamento para disfunção e não como primeiro tratamento após diagnóstico.

Apesar de ser um assunto no mínimo “curioso” para boa parte dos brasileiros, esse tipo de tratamento tem se popularizado cada vez mais. No Brasil, cerca de 50% dos homens acima de 40 anos apresentam alguma condição de disfunção erétil. Em números globais, estima-se que 100 milhões de homens passam pelo problema, sobretudo após a pandemia da COVID-19. 

O isolamento social e todas as mudanças que a pandemia acarretou na vida das pessoas, em nível mundial, é um fator contribuinte para o aumento de homens com disfunção erétil. Com o aumento dos casos, aumenta-se também o número de pessoas em tratamento.

As próteses mais populares são divididas em duas categorias: as semirrígidas e as infláveis. A primeira, como o nome prevê, é uma prótese que fica rígida o tempo todo, não é maleável. Já a prótese inflável é mais “fisiológica”, ou seja, simula uma ereção natural. Nesse caso, o paciente utiliza o objeto quando vai começar uma relação sexual. 

A dinâmica para o uso da prótese inflável é relativamente simples: o paciente aperta uma espécie de bombinha que infla o objeto para o uso durante a relação. Ao final, a prótese é dobrada e o pênis volta ao estado normal sem ereção. O mesmo acontece quando a prótese é colocada em um momento em que não haverá relação, o paciente fica com objeto, mas ele não interfere na condição do pênis se não for acionado com o bombeamento.

Mas para fazer o tratamento com as próteses é preciso haver a indicação do urologista, que é o cirurgião especializado em cirurgias na região. O procedimento é indicado para todo paciente em condição severa de disfunção erétil que já tentou outros tratamentos menos invasivos, mas não obteve a cura da condição. O procedimento cirúrgico para introduzir a prótese pode ser feito em qualquer idade, mas a cirurgia é feita majoritariamente em homens a partir dos 60 anos. Em casos esporádicos, a prótese também pode ser indicada para pessoas mais jovens. 

A boa notícia é que o tratamento quase não possui contraindicações. As condições que impedem a cirurgia também são raras, como a incapacidade de recebimento da anestesia por parte do paciente ou mesmo o uso contínuo de anticoagulantes. Depois da implantação, as próteses não precisam ser trocadas, já que não possuem um prazo de validade estabelecido.

Apesar da polêmica, fica o alerta: a disfunção sexual é uma realidade para milhões de brasileiros, principalmente a partir dos 40 anos, e deve ser tratada tão logo seja descoberta. Se for preciso o uso de próteses durante o tratamento, o médico urologista avaliará e fará com que o implante seja colocado de forma segura para o paciente. Caso seja necessário o uso de remédios ou de tratamentos alternativos para a perda da função sexual, é preciso ter paciência, pois na maioria dos casos a falta de ereção tem tratamento e cura. Cuide-se!