Mesmo com as restrições de funcionamento de bares e restaurantes, o consumo de cerveja se manteve em alta em 2021. Ao todo, o Brasil alcançou o volume de cerca de 14,3 bilhões de litros, crescimento de 7,7% ante 5,3% em 2020, segundo levantamento da Euromonitor para o Sindicato Nacional da Indústria da Cerveja (Sindicerv).
Em termos de faturamento, a projeção das vendas no varejo apresentou alta de aproximadamente 11% em comparação a 2020 totalizando R$ 208,8 bilhões ante R$ 184,5 bilhões no ano anterior, impulsionado pela força das cervejas premium entre os consumidores. A categoria mais popular da bebida continua sendo a lager, que representa 91% do volume total.
A pesquisa mostra ainda que houve também um aumento do consumo da cerveja não alcoólica. A projeção do volume por litro foi de mais de 257 milhões, o que corresponde ao crescimento de 30% nas vendas em comparação com 2020 (197,8 milhões/litro). Skol e Brahma permaneceram na liderança, seguidas por Antarctica, Itaipava, Nova Schin e Kaiser.
Vale lembrar que o Brasil é o terceiro maior produtor de cerveja do mundo, atrás da China e dos Estados Unidos. A indústria da bebida gera mais de 2 milhões de empregos diretos, indiretos e induzidos, além de representar pouco mais de 2% do Produto Interno Bruto (PIB).
O superintendente do Sindicerv, Luiz Nicolaewsky, esclarece que as altas taxas de juros e da inflação, a desvalorização do real frente a alta do dólar, o aumento nos preços das commodities e custos de produção, somados aos reajustes de combustíveis, petróleo e da energia elétrica impactam a economia e, por consequência, todo setor industrial brasileiro. “Ainda assim, somos otimistas, continuamos a acreditar na melhora gradativa e em um caminho na busca por equilíbrio”.
Ele comenta como o setor se comportou durante o período de quarentena. “Com a pandemia, a indústria cervejeira se adaptou às demandas dos consumidores para respeitar as medidas de segurança e de isolamento. Em 2021 não houve Carnaval, São João e várias outras festas importantes para o segmento. A migração do consumo para casa impulsionou o chamado “off-trade”, que incluiu supermercados e comércio eletrônico. Acreditamos, inclusive, que este hábito deve continuar entre os consumidores”.
O comércio eletrônico tem ajudado bastante a família do comerciante Álvaro Generoso. Ele tem um bar que precisou ficar fechado durante as restrições. Por isso, decidiu se cadastrar em aplicativos de comida, focando apenas na entrega de cerveja. “Me surpreendi com o resultado. Achei que não conseguiria manter minhas despesas só com essa modalidade, mas deu muito certo. Os pedidos foram aumentando, principalmente aos finais de semana”.
Com a possibilidade de reabrir seu bar, ele viu seu faturamento crescer ainda mais. “Estou conciliando o espaço físico com a venda on-line e ambos estão me dando retorno. As pessoas estavam com saudade de sentar em um bar e confraternizar, mas, paralelamente a isso, passaram a valorizar a resenha em casa com pessoas mais próximas”.
Já a empresária Ruth Silva notou que a venda de bebidas seria uma forma de ganhar dinheiro, quando ficou desempregada por causa da pandemia. “No início, fiz cestas tradicionais de café da manhã e chocolate. Depois percebi o potencial nas caixas de bebidas com kit de cervejas e petiscos e que tiveram muita saída”.
Nicolaewsky espera um 2022 ainda melhor. “A previsão é que o consumo de cerveja continuará a subir, mas em ritmo menor, não apenas para nossa indústria, mas para todas as cadeias produtivas do país. Nossas associadas estão confiantes e continuam investindo. A Ambev anunciou uma aplicação em torno de R$ 780 milhões em uma fábrica de vidros no Paraná. Já a Heineken fez um aporte de R$ 1,8 bilhão em uma nova fábrica em Minas Gerais. As empresas estão olhando para frente com otimismo e incorporando ao seu portfólio inovações e ofertas”.