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92% dos brasileiros deixaram de realizar algum projeto em 2021

A justificativa de 57% dos entrevistados foi porque os preços das coisas estavam muito altos | Foto: Divulgação/Internet

Os últimos 2 anos foram um dos piores para a economia, com desemprego atingindo mais de 12 milhões de pessoas, inflação acima dos 8% e as medidas de isolamento para conter o avanço da pandemia de COVID-19. Todo esse cenário de crise impactou os planos pessoais dos brasileiros. De acordo com o levantamento realizado pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo SPC Brasil, em parceria com a Offer Wise, 92% dos consumidores deixaram de realizar algum projeto que tinham para 2021.

Conforme o estudo, os planos abandonados foram juntar uma reserva de dinheiro (29%), comprar ou reformar a casa (25%), fazer uma grande viagem (25%), pagar dívidas em atraso (20%) e comprar um carro/moto (18%). Entre os motivos que impediram a realização dos planos, 57% justificaram que os preços das coisas estavam muito altos, 48% devido ao pouco dinheiro que dispunham e que mal permitia pagar as contas e 29% ficaram inseguros em gastar.

O ano de 2021 foi frustrante para a professora Janaína Porto. “Eu e meu marido tínhamos a intenção de reformar nossa casa. Está precisando trocar o piso, principalmente do banheiro, além resolver a infiltração e fazer uma pintura nas paredes que estão bem sujas. Conseguimos comprar parte do material, mas tudo subiu muito de preço nos últimos meses. Sem contar que meu esposo perdeu o emprego. Ainda está faltando adquirir alguns itens e juntar mais dinheiro para pagar a mão de obra do pedreiro. Nosso projeto era finalizar isso em 2021, mas infelizmente não foi possível”, relata.

Cortes no orçamento

A pesquisa também revelou que 51% dos brasileiros acreditam que as condições da economia em 2021 pioraram em relação a 2020. Considerando as experiências financeiras vivenciadas no ano passado, o cenário mostra um aperto financeiro das famílias brasileiras: 40% dos entrevistados tiveram que renunciar a produtos ou serviços que compravam, enquanto 32% tiveram que fazer uso de alguma reserva de dinheiro que possuíam. Já 31% ficaram muitos meses com as contas no vermelho e 25% ficaram desempregados.

Com esse aperto financeiro, 83% tiveram que fazer cortes ou ajustes no orçamento em 2021, sendo que 59% tiveram que redirecionar o dinheiro para pagamento de contas do dia a dia, 35% para quitar pendências em atraso e 25% para economizar e guardar dinheiro. Entre os que fizeram cortes, 55% reduziram as refeições fora de casa/delivery, 48% os itens supérfluos de supermercado e 44% a compra de vestuários, calçados e acessórios.

O presidente da CNDL, José César da Costa, aponta que, apesar de o cenário de vacinação avançada trazer alívio, as consequências econômicas e sociais da pandemia impactam no crescimento do país e na renda da população. “O desemprego elevado é, sem sombra de dúvidas, um dos grandes desafios a serem enfrentados pelo país e isso está ligado diretamente ao retorno do crescimento econômico, que ainda não alavancou. A renda da população foi fortemente afetada nos últimos 2 anos e isso, somado aos preços elevados, traz insegurança para as famílias”, destaca.

Vida financeira em 2022

Ainda segundo o estudo, considerando as expectativas para o cenário econômico do país em 2022, 63% dos entrevistados esperam um cenário melhor, enquanto 17% não esperam diferença e 9% aguardam um quadro pior. Entre aqueles que estão otimistas com a economia este ano, 55% acreditam que as coisas podem melhorar mesmo com todos os problemas atuais no Brasil, 46% afirmam que a economia deve se reerguer na medida em que a maioria das pessoas se vacinarem, e 41% esperam que haja recuperação econômica.

Já entre os que estão pessimistas, 47% acreditam que o Brasil continuará sofrendo com os efeitos da crise econômica, 45% não esperam uma recuperação econômica e 45% acreditam que o governo não irá realizar as reformas que o país necessita.

Sobre os projetos pessoais envolvendo planejamento financeiro para 2022, 44% planejam juntar dinheiro, 33% comprar/ reformar a casa, 33% sair do vermelho, 28% fazer uma viagem e 25% conseguir um novo emprego. Nove em cada 10 brasileiros (90%) possuem algum temor quanto a sua vida financeira em 2022, sendo os principais: não conseguir pagar suas contas (52%), não ser possível guardar dinheiro (39%), ter que desistir de consumir coisas que gosta (24%) e não conseguir um emprego (24%).