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CPI da Cemig: contratos ilegais, espionagem e sucateamento

Contratações milionárias de serviços de consultoria e assessoramento técnico realizados pela Cemig e suas subsidiárias, sem licitação, foram os motivos que levaram à abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) sobre a companhia energética do estado. Porém, no decorrer da investigação, surgem novas denúncias.

De acordo com o deputado Professor Cleiton (PSB), vice-presidente e autor do pedido de origem à CPI, uma das empresas investigadas, a Kroll Associates Brasil Ltda., teria grampeado o seu telefone com o intuito de espioná-lo para intimidar sua atuação na investigação.

“Queremos saber o que essa empresa faz na Cemig. Chegou ao nosso conhecimento que os deputados dos blocos independentes e os de oposição estão sendo investigados por ela, bastante conhecida por grampear telefones. Assessores de gabinete também estão recebendo telefonemas anônimos, mas isso não vai nos intimidar. Podem investigar minha vida, pois não tenho nada a esconder”, denunciou durante sessão da CPI.

O deputado Cássio Soares (PSD), presidente da comissão, confirma a denúncia. “Há a suspeita. Nós, membros da CPI, acionamos os setores responsáveis pela segurança para que eles façam uma varredura e apurem o possível grampo. A interceptação sem autorização é crime, se comprovada, os responsáveis responderão perante a justiça pelo eventual descumprimento da lei”, afirma.

Em nota, a Kroll afirma que atua com investigação forense há quase 50 anos. “A empresa integra o time de investigação independente contratado pela Cemig para apurar denúncias recebidas pelo Ministério Público de Minas Gerais. A Kroll atua estritamente dentro da lei e não tolera qualquer tipo de atividade ilícita, assim como não admite afirmações levianas e incorretas sobre sua atuação”.

Entenda

De acordo com Soares, o que levou a criação da CPI foi uma série de irregularidades divulgadas pela mídia e apresentadas no requerimento que deu origem à investigação. “Além das alienações de ativos e ações da concessionária relacionadas à sua participação societária na Renova, na Light e na Taesa, assim como a prática de condutas ilegais e imorais na execução contratual, como a de condicionar a liberação de pagamentos de medições contratuais à subcontratação de terceiros por parte das contratadas pela Cemig e suas subsidiárias”, relata.

Regimentalmente, a comissão tem 120 dias para concluir os trabalhos. “Eles estão iniciando agora. Até o momento foram feitas duas reuniões da CPI, nas quais foram aprovados requerimentos solicitando documentos à Cemig, ao Ministério Público e informações de investigações já em andamento na Delegacia Especializada de Combate à Corrupção (Deccor) e da Polícia Civil. Também convocamos ex-executivos e executivos a prestarem depoimentos em oitivas na Assembleia”, afirma Soares.

“Sucatear para privatizar”

Durante sessão da CPI, o Professor Cleiton declarou que todas as irregularidades expostas são uma estratégia silenciosa visando à quebra da empresa para convencer a opinião pública a apoiar sua venda. “É sucatear para privatizar”, definiu.

“A privatização da Cemig não é objeto da CPI. O sucateamento, sim. Por isso, serão debatidas as alienações da Light, Renova e Taesa”, declarou Soares sobre a questão.

No que diz respeito a um possível desgaste na imagem do governador Romeu Zema (Novo) devido às denúncias de irregularidades da estatal em sua gestão, Soares foi cauteloso. “A CPI, como eu disse, está na fase inicial dos trabalhos. Ainda é cedo para dizer os impactos”.