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50% dos consumidores se preocupam com meio ambiente na hora da compra

A preocupação com o meio ambiente na hora de comprar parece ser um hábito já estabelecido entre os consumidores. Isso porque, no mundo todo, 50% das pessoas afirmaram ter preocupação ecológica em suas decisões de compra, de acordo com Global Consumer Insights Pulse Survey, pesquisa da PwC que investiga os hábitos de consumo. No Brasil, 49% declararam-se preocupados com a questão.

E a pandemia parece ter acelerado a consciência ambiental da população. Em um levantamento de 2019, também da PwC, apenas 35% dos entrevistados disseram escolher produtos sustentáveis para ajudar a proteger o meio ambiente.

É válido ressaltar, no entanto, que as respostas não garantem que as pessoas consigam alinhar a consciência ambiental com o bolso, já que a maioria (56%) respondeu que é “orientada por preço” na hora da compra. No Brasil, essa taxa é de 67%.

“A pesquisa revela que acompanhamos a tendência mundial em relação a questões ambientais, mas que existem outros aspectos importantes quando olhamos para os números locais, como a preferência por negócios de produtores locais, por exemplo. Entre os brasileiros, 44% preferem comprar de produtores da sua região, enquanto o percentual global é de 43%”, analisa Carlos Coutinho, líder da PwC no Brasil.

De olho nessa tendência, a empresária Marcella Zambardino uniu sua mudança de hábitos pessoais à vontade de empreender e fundou a Positiv.a, uma linha de produtos de limpeza e higiene pessoal à base de ingredientes vegetais, veganos, biodegradáveis e hipoalergênicos. “Em 2015, tinha certeza de que queria trabalhar com algo que fosse uma solução e que em todas as etapas de fabricação gerasse um impacto socioambiental positivo. Eu ainda não sabia o que seria e observando meu cotidiano, tive um momento “eureka” ao observar o potencial dos produtos de limpeza ecológicos”, conta.

Hoje, a marca é especialista no desenvolvimento de itens sustentáveis e considerada uma empresa B, quando o modelo de negócios pondera lucro, mas também o bem-estar da sociedade e do planeta. Sem revelar número, Marcella afirma que as vendas do segmento têm aumentado. “Nós percebemos um interesse muito maior dos consumidores por produtos ecologicamente responsáveis. Claro que essa ainda é uma parcela pequena, analisando que na pandemia houve um crescimento de descartáveis e um consumo focado na praticidade. Por outro lado, com as pessoas passando mais tempo em casa, muitas se tornaram mais conscientes sobre compras. Em 2020, nós batemos nossa meta de crescimento e em abril tivemos um ‘boom’ de novos clientes”, diz.

Outro empresário que percebeu a tendência da sustentabilidade para continuar competitivo no mercado é Ronymarco Lemos, dono da gráfica Koloro. “Nossa cadeia de custódia é certificada pelo FSC (Conselho de Manejo Florestal), desde o cultivo da floresta que terá o destino para a produção de celulose, depois a fabricação do papel, até produzirmos o produto final, por exemplo, uma revista. Em cada etapa, o responsável usa seu código único para identificar o seu processo, sempre reportando ao FSC”, afirma.

De acordo com o empreendedor, o consumidor final não é o único que procura por empresas compromissadas com boas práticas. “O cliente que se preocupa com sustentabilidade nos impressos, em geral, ainda é oriundo das grandes corporações, que têm compromissos claros de redução de impacto ambiental. Mas em produtos como o nosso copo feito de papel e 100% biodegradável, atendemos uma quantidade de clientes bem maior e variada, como clínica médica, eventos sociais e associações”, afirma.

Futuro

Para Sabine Durand-Hayes, líder global da PwC, a tendência é que o compromisso com sustentabilidade só cresça. “A evolução de comportamentos mais digitais e ecológicos mostra como a pandemia está mudando a equação para as indústrias de consumo. Com os jovens mais otimistas quanto ao futuro, veremos a influência desses novos comportamentos e hábitos no nosso retorno ao trabalho”.

Marcella concorda que o futuro é “verde”. “Não dá nem para entender porque isso não foi legal em algum momento porque todo mundo se beneficia. Acho que as empresas precisam ter compromissos altíssimos em relação ao meio ambiente e que deveriam até passar por uma aprovação de algum órgão estatal para colocar artigos no mercado. Existem diversos produtos tóxicos e que só visam lucro e destruição”.