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Setor industrial mineiro apresenta o 2º melhor desempenho do país

A indústria mineira está se recuperando dos impactos causados pela pandemia em 2020. Segundo pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em abril, o segmento sofreu um pequeno recuo de 0,9%. Mas, em maio conseguiu se recuperar e crescer 4,6%. Esse aumento coloca Minas Gerais em segundo lugar no ranking de melhor desempenho. O estado perde apenas para Goiás, que cresceu 4,8%,

A análise foi feita a partir de uma pesquisa de desempenho do segmento industrial em 13 dos 27 estados brasileiros. Os índices mostram também que, em maio, o setor industrial cresceu 32,3% quando comparado ao mesmo período em Minas Gerais.

Empresários do ramo se dizem animados com os índices. É o caso do gerente executivo de uma empresa especializada na fabricação de revestimentos sustentáveis para a construção civil, Edízio Filho. “Houve quedas significativas em determinados segmentos do setor industrial, porém estamos confiantes de que o pior ficou para trás. Há uma tendência de aceleração da economia para o 2º semestre, impulsionado pelos bons resultados obtidos ainda no 2º trimestre”.

À frente de uma empresa que fabrica produtos químicos, o empresário Rodrigo Vilella explica que o setor estava positivo antes da pandemia começar, mas que, logo no início, sua empresa sofreu com as mudanças. “No primeiro mês, tive queda no faturamento, mas fui me recuperando com o passar do tempo. Venda tem. O mais complicado tem sido o acesso aos insumos para minha produção. O valor da matéria- -prima aumentou, alguns itens estão difíceis de encontrar. Com isso, foi preciso aumentar o valor no produto final. Mantive abaixo do que precisava, mas houve impacto”.

O presidente da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), Flavio Roscoe, recorda que o setor industrial estava em bons níveis e se recuperando da recessão de 2014. “Somente em 2019, a indústria havia retomado uma trajetória de crescimento. Passamos a vislumbrar uma recuperação significativa em 2020, mas a pandemia mudou drasticamente esse cenário. No caso de Minas Gerais, foi fundamental a ação do governo que, a pedido da Fiemg, considerou a indústria como essencial, o que de fato ela é”.

Ele separa os impactos da pandemia sobre a atividade industrial em dois momentos: “No início, as incertezas epidemiológicas e econômicas foram um golpe duro sobre a confiança de empresários e consumidores. Isso provocou choques de oferta mediante a paralisação de muitas atividades, assim como de demanda com os consumidores em isolamento social. Depois, medidas econômicas de proteção dos empregos e da renda foram adotadas pelos governos estadual e federal, o que reduziu o potencial de queda do Produto Interno Bruto (PIB) industrial. A desvalorização do real frente ao dólar também contribuiu com o desempenho industrial por meio do aumento das exportações e da redução da competitividade de produtos importados”.

Desempenho

Roscoe explica que, a partir do segundo semestre de 2020, a indústria vem registrando bom desempenho. “O auxílio emergencial representou um expressivo aumento da renda, favorecendo setores industriais de bens de consumo, como os de alimentos, vestuário e calçados. Uma mudança no comportamento das pessoas e na forma de trabalho também impulsionou indústrias de móveis, equipamentos eletrônicos e da construção civil”.

Na percepção do presidente, houve também um redirecionamento das despesas com serviços para gastos com bens. “Adicionalmente, as exportações aumentaram e muitos produtos importados foram substituídos por bens nacionais, mediante a desvalorização do real frente ao dólar. No início do ano, com o fim dos pagamentos e do auxílio emergencial, o impulso de consumo de bens industriais perdeu o ímpeto e muitos setores passaram a ser afetados com a falta de insumos e com o acréscimo da inflação”.

Pós-pandemia

O representante da Fiemg acrescenta que, em Minas Gerais, o desempenho da indústria foi melhor do que o observado no Brasil. “O reflexo disso pode ser notado no mercado de trabalho e no desempenho do PIB. No final de 2020, o mercado de trabalho mineiro já tinha recuperado a totalidade das vagas perdidas durante a pandemia. A continuidade da retomada de plantas produtivas nas atividades minerárias e metalúrgicas deve influenciar positivamente a produção industrial mineira nos próximos meses”.

Segundo ele, o avanço da vacinação também tende a permitir uma recuperação mais intensa do setor de serviços, especialmente os prestados às famílias, alojamento e alimentação, fornecendo impulso sobre a demanda por produtos industriais. “Estamos convictos na recuperação da indústria e de que ela puxará a retomada do crescimento econômico brasileiro em 2021 e 2022”.

Ele conclui dizendo que desde o início da pandemia há uma tendência de substituição de insumos importados por domésticos. “A indústria é estratégica e, nessa esteira, Minas Gerais tem atraído investimentos e se destacado no cenário nacional. Além da percepção sobre a importância da indústria doméstica, a pandemia acelerou algumas tendências. Muitos segmentos intensificaram a digitalização dos serviços e os canais de comercialização se abriram. Isso permitiu que muitas indústrias acessassem o varejo por meio do digital, o que aumenta a produtividade e reduz custos, ampliando a competitividade da indústria”.