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Justiça mais articulada

A recente morte do serial killer Lázaro Barbosa, no estado de Goiás, trouxe à tona uma discussão antiga, desta vez relacionada às falhas registradas no que se refere ao Judiciário, às polícias e ao Ministério Público. Esses órgãos atuam de maneira individualizada no Brasil e isso acaba concedendo oportunidades para que criminosos e outros condenados se beneficiem devido à falta de troca de informações, o que facilita a soltura de alguns deles de maneira errônea, bem como se mostrou o caso Lázaro.

Infelizmente, no Brasil existem centenas ou milhares de situações análogas a de Lázaro. Contudo, a partir do espetáculo criado em torno dele, talvez possa haver um foco de luz mais proeminente para debater a unificação das forças relacionadas ao sistema de segurança brasileiro. O assunto é relevante, embora, repetidamente, tenha faltado interesse das autoridades públicas para discutir abertamente sobre a mudança dessa realidade, uma vez que a ausência de dados entre as diversas forças envolvidas no aparelho estatal só favorecem os criminosos.

Meditando com relação ao quadro geral da conjuntura atual, o sociólogo e ex-secretário Adjunto de Segurança Pública de Minas, Luis Flávio Sapori, acredita que falta uma boa relação entre as polícias, o Ministério Público e o sistema prisional. Segundo ele, a articulação é frouxamente articulada no que diz respeito à troca de informações. Sapori avalia que não há cooperação entre as partes, o que permite que cada instituição siga o seu próprio rito, contribuindo para que os criminosos se tornem reincidentes e possam cometer mais delitos. Deste modo, os infratores se valem dessa ineficiência de compartilhamentos de dados para voltarem às ruas e praticarem mais atrocidades como se constatou no episódio lamentável envolvendo Lázaro Barbosa.

Fora a ausência de sincronização de informações oficiais para minimizar a quantidade de crimes no país todo, em Minas, há anos busca-se uma atuação conjunta das operações da Polícia Militar, em parceria com a Polícia Civil. Mas, por enquanto, tudo não passou de projetos. Na época da governança de Antonio Anastasia (PSD), o tema chegou a ganhar certo destaque, entretanto, com o fim de seu mandato, parece que as propostas relacionadas ao certame foram engavetadas.

Em nome da urgente necessidade de manter a segurança da população brasileira e de estabelecer punição aos criminosos, apela-se à classe política de todos os estados para que adotem mecanismos visando evitar que novos Lázaros apareçam e se sintam à vontade na hora de cercear a liberdade das pessoas, ceifando vidas de inocentes. Especialmente neste episódio, em que se percebe que toda a situação poderia ter sido evitada, caso houvesse comunicação eficiente entre as esferas públicas.

Contudo, para haver essa junção, é necessário que haja menos apetite pelo poder ou espetacularização e mais desejo pela integralidade de todos os órgãos responsáveis por dar segurança para os milhões de brasileiros que aqui vivem.