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Sucessão ao governo estadual começa pela guerra das CPIs

Foi emblemática a decisão do governador Romeu Zema (Novo), semana passada, em autorizar a liberação de verba milionária para reconstrução de obras nos afluentes do Rio Arrudas, na confluência dos municípios de Belo Horizonte e Contagem. Pelo projeto, quando essas intervenções estiverem prontas, as enchentes que atormentam os moradores da capital mineira serão minimizadas. Para transformar o evento em um ato político, o governador mineiro convidou a prefeita Marília Campos (PT) ao Palácio, mas, por razões óbvias, Alexandre Kalil (PSD) não compareceu e foi representado pelo vice-prefeito Fuad Noman (PSD).

A atitude de Zema, muito provavelmente, faz parte do elenco de deliberações administrativas com viés político. Até porque sua assessoria constatou o crescimento de popularidade de Kalil na região metropolitana, onde há um contingente de cerca de 5 milhões de habitantes. Sendo assim, ele resolveu partir para o ataque.

Guerra das CPIs

É bem plausível que, a partir de agora, seja acelerada a anunciada batalha nos bastidores, travando um verdadeiro duelo entre Kalil e Zema, com vistas ao projeto eleitoral para a sucessão estadual de 2022.

Fora isso, está em curso outra luta nos bastidores, iniciadas devido à instalação da CPI dos Fura-Filas com objetivo de investigar nomes que foram vacinados indevidamente contra a COVID-19, por orientação da Secretaria de Estado da Saúde. Quando instalaram a CPI, comandada no ato pelo presidente da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), deputado Agostinho Patrus (PV), a intenção era buscar desgastar Zema, segundo o que se comentou na época. No entanto, ao longo de quase 2 meses, a comissão está servindo apenas para oferecer mais visibilidade ao seu presidente, o deputado João Vítor Xavier (Cidadania), e o relator Cássio Soares (PSD).

De acordo com especialistas da área política, a possível punição dos vacinados poderá ser a cobrança do imunizante, ou seja, cada um deles teria que desembolsar dinheiro do próprio bolso para pagar pela vacina. Um castigo mais severo não acontecerá, até porque assim que o assunto veio à tona, o então secretário Carlos Eduardo Amaral foi afastado do posto.

Tão longo instalou-se o procedimento investigatório no Legislativo estadual, a Câmara Municipal de Belo Horizonte (CMBH) tratou de buscar assinaturas e acabou conseguindo instalar duas CPIs, concomitantemente, para investigar atos de Kalil.

Segundo se fala nos meandros políticos, a presidente da CMBH, Nely Aquino (Podemos), foi a protagonista dessa proeza. “Logo ela, eleita e reeleita para o posto de titular da Casa com apoio de vereadores ligados a Kalil”, lamenta-se um colega de parlamento.

Para especialistas, o poder de desgaste das CPIs contra o prefeito de BH é infinitamente maior do que o tema dos fura-filas. Especialmente no que se refere às investigações relacionadas à BHTrans, tida como uma espécie de caixa-preta de transportes da capital, não de agora, mas ao longo das décadas.

Relativamente à CPI para averiguar os gastos durante a pandemia, os vereadores ligados a Kalil se dizem tranquilos, pois a Prefeitura de Belo Horizonte agiu de acordo como as orientações do governo, tanto no que diz respeito às ações para a vacinação, como sobre a aquisição de insumos e contratação de leitos.