A pandemia provocou diversas mudanças, dentre elas a migração de boa parte dos trabalhadores para o modelo remoto. Essa, porém, é a ponta do iceberg, segundo uma nova pesquisa da PwC. Como reflexo da aceleração de várias tendências da força de trabalho, cerca de 60% dos colaboradores estão preocupados com o fato da tecnologia colocar suas funções em risco. Além disso, 48% acreditam que “o emprego tradicional não existirá no futuro” e 39% entendem que é provável que sua ocupação se torne obsoleta em 5 anos.
Por outro lado, a crise sanitária também levou 40% dos trabalhadores a aprimorarem seus conhecimentos digitais. Esse grupo, inclusive, pretende continuar a adotar o treinamento e o desenvolvimento de novas capacitações. Entre os entrevistados, 77% se sentem prontos para aprender novas habilidades e 74% veem o treinamento como uma questão de responsabilidade pessoal.
O sócio e líder de Digital Upskilling da PwC Brasil, Marcos Panassol, explica que desde antes do isolamento já existia uma percepção de que a automação de processos industriais e administrativos iria reduzir ou eliminar a necessidade da intervenção humana. “Vários estudos relatavam profissões que iriam desaparecer”.
A necessidade de reinventar o modelo de negócio, frente à crise gerada pela COVID-19, levou muitos empresários a acelerar o processo de transformação digital. “Se antes havia resistência de setores tradicionais em mergulhar de cabeça na inovação, agora o cenário impôs essa necessidade. Ao mesmo tempo em que postos de trabalho são eliminados pelo uso de tecnologia, muitos outros estão surgindo”.
Ele observa que há ainda uma enorme e crescente demanda por profissionais com competências e habilidades específicas. “Tanto comportamentais (aprendizado contínuo, capacidade de lidar com incertezas, métodos ágeis), quanto técnicas (codificação, inteligência artificial, robótica, etc)”.
Panassol acrescenta que o descompasso entre as capacitações adquiridas e aquelas necessárias ao ambiente digital também está se tornando um dos principais problemas no mundo. “Por outro lado, a tecnologia está criando empregos, mas os indivíduos precisam adquirir tais habilidades e desenvolver um mindset que facilite sua adaptação a esse cenário. Existe uma vontade de aprendizado entre a população, mas as oportunidades não são distribuídas de maneira uniforme. Essa é uma questão que vai se tornar extrema caso não receba a devida atenção de governos, Organizações não Governamentais (ONGs) e empresas”.
Por causa disso, ele avalia como positivo o fato de 40% das pessoas estarem aproveitando a crise sanitária para melhorar suas habilidades digitais. “Essa qualificação é urgente e essencial para lidarmos com os desafios do mercado. Esse aprimoramento tem sido fundamental para a garantia dos empregos, além de evitar o aumento das desigualdades de oportunidades e de renda”.
Para ele, os indivíduos não devem permanecer numa zona de conforto, mas buscar novas formas de adquirir conhecimentos e tentar, até mesmo, se realocar em outras funções para lidar com os atuais e futuros desafios. “É preciso criar uma cultura contínua de aprendizado e curiosidade para elevar a proficiência digital de todos os profissionais”.