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Faturamento geral das franquias no Brasil regride quase 3 anos

Um balanço feito pela Associação Brasileira de Franchising (ABF) revela que o setor de franquias conseguiu manter sua curva de recuperação no 4° trimestre de 2020, se aproximando dos níveis pré-pandemia. No entanto, considerando o desempenho do ano todo, o impacto da COVID-19 foi maior, com o faturamento geral do setor recuando quase 3 anos. O estudo mostra que a franchising registrou uma receita apenas 1,8% menor no período, comparado ao 4º trimestre de 2019, que foi de R$ 54,966 bilhões para R$ 53,976 bilhões.

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), houve uma redução de 7,8% no ano passado e os principais fatores foram a mudança de hábitos do consumidor, principalmente nas áreas de entretenimento e turismo, e a queda do setor de serviços. O maior impacto foi observado no 2º trimestre de 2020, seguido de uma recuperação gradual.

A pesquisa também analisou o movimento de abertura e fechamento de estabelecimentos e mostrou que o índice de unidades abertas em 2020 foi de 6,6% frente 9,2% no ano anterior. As fechadas chegaram a 9,2% ante 4,9% neste mesmo período, resultando num saldo de -2,6%. Este percentual originou num total de 156.768 operações em 2020 contra 160.958 no ano anterior. Já os repasses tiveram uma pequena alta, avançando de 2,3% em 2019 para 2,5% no ano subsequente.

Para a diretora executiva da ABF, Silvana Buzzi, o setor de franquias foi diretamente abalado. “O faturamento anual recuou a níveis de quase 3 anos atrás. O maior reflexo se deu no 2º trimestre de 2020, sendo que depois o campo formou uma curva de recuperação que no 4º trimestre se aproximou de estágios de antes da pandemia”.

Em evidência

Os segmentos de casa e construção, saúde, beleza e bem-estar e serviços e outros negócios já apresentam expansão, tanto no 4º trimestre como no ano todo. Tanto que o setor projeta voltar a crescer em 2021, mas deve levar cerca de 2 anos para retomar níveis pré-pandemia. “O espaço casa tem sido ressignificado, com as pessoas passando mais tempo e até trabalhando em tempo integral, o que levou a mais investimentos e reformas. Pesou também os juros em níveis historicamente baixos e o fato deste campo ter sido considerado como essencial, permanecendo aberto durante quase toda a quarentena”.

Silvana acrescenta que, no caso de saúde, beleza e bem-estar, a recuperação veio justamente por termos mais tempo disponível. “Além de ser uma tendência bem estabelecida há anos, temos o fato de muitas pessoas terem aproveitado o isolamento para fazerem procedimentos mais invasivos. Outro fator foi a recepção de recursos que antes eram destinados a viagens, por exemplo”.

Ela conclui dizendo que no setor de serviços e outros negócios, a ampliação se deve ao crescimento de nichos. “Como serviços logísticos e de intermediação financeira (pagamentos digitais), que expandiram muito com o e-commerce na pandemia”.

Vale investir?

A especialista ressalta que, mesmo em meio à crise, o ramo de franquias ainda é uma boa opção para investimento. O setor continua a apresentar índices de mortalidade inferiores aos negócios isolados. E enfrentar essa crise sozinho, sem o suporte e orientação da franqueadora e de outras franqueadas, é um desafio maior ainda. Muitas redes suspenderam ou postergaram o pagamento de taxas típicas da franchising e auxiliaram na busca por empréstimos. Além disso, desenharam e executaram estratégias conjuntas de digitalização e desenvolvimento de outros canais de venda. Ademais, temos que levar em consideração que muitos segmentos e redes da franchising conseguiram preservar suas operações ou até crescer de forma significativa”.

Silvana afirma que além de conhecer bem o modelo de franquias, pesquisar a rede e o mercado de interesse e buscar um advogado especializado antes de assinar o contrato são ações ainda mais importantes quando se está vivendo uma crise.

Expectativas

A diretora diz ainda que as projeções da ABF apontam para um crescimento de cerca de 8% em termos de faturamento em 2021. “Isso impulsionado pela retomada da economia como um todo, o avanço da vacinação e, possivelmente, das reformas no Congresso Nacional. Estamos levando em consideração também que há muita demanda reprimida, especialmente nos segmentos de turismo e lazer”.