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Estresse por isolamento pode levar ao aumento da queda de cabelo

A nova rotina provocada pela pandemia de COVID-19 tem gerado um quadro de estresse e ansiedade em algumas pessoas. Isso porque o momento exigiu mudanças na vida pessoal e profissional e nem todos conseguiram se adaptar com facilidade a essa realidade. Nesse aspecto, um dos problemas que pode se manifestar é a queda de cabelo, também conhecida como alopecia. O principal sinal é a perda de mais de 100 fios por dia ou quando é possível ver falhas no couro cabeludo.

A professora Ana Paula Mendes notou uma falha no seu couro cabeludo após sair do banho. “Era pequena, mas como meu cabelo estava molhado pensei ser normal. Depois disso, comecei a reparar mais e o ralo do banheiro estava acumulando mais fios. Quando eu passava a escova também saía mais do que o de costume. Poucos dias depois, a área falhada aumentou e fiquei bastante preocupada com o fato. Aquilo foi um susto e me abalou emocionalmente”.

Ela conta que procurou ajuda profissional e foi constatada alopecia areata causada pelo estresse. “A dermatologista perguntou sobre minha rotina, histórico familiar e realizou alguns exames para chegar ao diagnóstico. Nos últimos meses tem sido exaustivo cuidar da casa, filhos e dar conta do meu trabalho. Tenho tomado a medicação e passado um produto para estimular o couro cabeludo. Além disso, busco tirar um tempo do dia para fazer alguma coisa que gosto. Distraio a cabeça assistindo filmes, novelas, ouvindo música ou até mesmo fazendo aulas on-line de dança”.

A dermatologista Cristina Andrade afirma que a busca por ajuda em seu consultório para solucionar a queda de cabelo aumentou cerca de 30% nos últimos meses. “As pessoas relatam preocupação, pois de uma hora para outra percebem a perda de muitos fios de uma vez só, seja no banho, penteando ou até mesmo ao passar a mão. É importante deixar claro que isso não tem ligação direta com o coronavírus, mas sim com o momento que estamos vivendo”.

Ela diz ainda que uma das causas da alopecia são justamente o estresse e a má alimentação. “Todos estão na incerteza sobre quando a vida volta ao normal, vacina demorando, medo de perder o emprego, além dos problemas pessoais e os transtornos gerados pelo home office. Quando a pessoa está estressada, o organismo produz uma quantidade exagerada de cortisol, ocasionando inflamações que impedem a entrada e absorção de nutrientes na região capilar. Isso afeta o crescimento e o surgimento de novos fios”.

Cristina explica que existem dois tipos de alopecia: a areata e a androgenética. “Nesta última, o fator genético é predominante, atingindo 50% da população mundial masculina e 30% da feminina. Já a areata é uma doença inflamatória ligada a aspectos genéticos e imunológicos, sendo mais comum entre as mulheres. Ela pode piorar em quadros de ansiedade e levar a queda de cabelo em regiões delimitadas. Para quem já possui predisposição para a alopecia, a queda pode ser ainda maior”.

Prevenção e tratamento

Quanto mais cedo for feito o diagnóstico, melhores são as chances de sucesso no tratamento, alerta a dermatologista. “Muitas vezes conseguimos controlar ou evitar a progressão da doença. Hoje, temos procedimentos modernos para combater a queda de cabelo. Podem ser utilizados fototerapia com lasers e LED, microagulhamento, medicamentos na pele, como anti-inflamatórios e pomadas no local afetado, além de substâncias de uso oral e tópico, como a finasterida e o minoxidil. Tudo deve ser avaliado por um especialista para ver as causas e iniciar o melhor método”.

Ainda segundo a especialista, durante a quarentena a alimentação das pessoas ficou um pouco desregrada. “Muitos têm ingerido fastfood e carboidratos em excesso. Para prevenir e ajudar no combate a queda de cabelo, o recomendado é aumentar o consumo de vitaminas como a biotina, encontrada na gema do ovo, cereais, leite, nozes, amendoim, entre outros. Práticas de redução do estresse como ioga também auxiliam, assim como fazer atividades prazerosas nas horas livres”, conclui.