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E-commerce e delivery fazem as vendas de papelão crescerem 15,4 %

A pandemia do coronavírus mudou os hábitos de consumo da população mundial. Seguindo a tendência global, os brasileiros também passaram a comprar mais produtos pela internet e realizar pedidos de comidas por delivery. Os impactos dessas mudanças e das restrições provocadas pela quarentena para reduzir a disseminação do vírus estão sendo sentidos em várias partes da cadeia de produção. Um deles é o setor de papelão que, de junho a setembro, registrou aumento de 15,4% nas vendas em relação ao mesmo período do ano passado, segundo a Associação Brasileira do Papelão Ondulado (ABPO).

De acordo com dados da associação, ainda em janeiro, antes da pandemia, o segmento registrava bons números, mas em março, com o início do isolamento social e medo do desabastecimento, o primeiro recorde de vendas do ano foi registrado: 11% a mais em relação a 2019. No primeiro trimestre, o crescimento acumulado foi de 7,5%. Porém, em maio, houve queda acentuada de 12,5%. Em meados de junho e desde julho, o setor voltou a registrar recordes mensais chegando a setembro com elevação de 15,4 %.

Para a presidente da ABPO, Gabriella Michelucci, o crescimento da venda se deve a uma soma de fatores. “Houve aumento de consumo de embalagens de papel em todo o país e também em Minas Gerais. O mercado de embalagem de papelão ondulado está aquecido. A alta demanda ocorreu por conta da retomada da indústria para atender o maior consumo de bens de primeira necessidade, somado ao crescimento do e-commerce e delivery, novo comportamento do consumidor desde o início da pandemia da COVID-19. O setor entregou um importante volume de embalagens em atendimento à indústria de bens essenciais como alimentos, bebidas, produtos farmacêuticos, higiene pessoal, artigos de limpeza, incluindo álcool em gel, e materiais descartáveis, como guardanapos, papel toalha, produtos que precisavam chegar embalados nas residências”, avalia.

Segundo Gabriella, o ramo sentiu o efeito das vendas recordes. “O principal impacto foi o alargamento no prazo de entrega. A embalagem de papelão ondulado é produzida sob encomenda e, portanto, não há estoque no fabricante. A mudança rápida e crescimento acelerado levou o segmento a estender seu prazo de entrega”, diz. Na sua avaliação, a tendência de aumento deve continuar. “A Fundação Getulio Vargas (FGV) projeta crescimento no ano por volta de 5%. Nossa expectativa é que esse ritmo siga até pelo menos o primeiro trimestre de 2021”, diz.

Sobre a questão da reciclagem, ela esclarece que o setor sofreu com as restrições impostas pela pandemia e que isso refletiu no preço do produto. “É importante entender que a embalagem tem um importante motivador de custo que é o papel. Durante os primeiros meses da pandemia, houve uma mudança em relação ao trabalho das cooperativas, catadores de papel e coleta seletiva em todo o país que gerou uma diminuição na geração de aparas de papelão ondulado nas regiões brasileiras e consequente redução de embalagens pós-consumo para reciclagem. Com a suspensão da coleta seletiva para segurança dos trabalhadores, a disponibilidade da matéria-prima reduziu entre 20 e 40%, a depender da região. A base da indústria de embalagens de papelão ondulado é a fibra reciclada, cerca de 70% de papéis reciclados. No segmento, a taxa de reciclagem é de 86%, o que coloca a indústria no patamar de altamente sustentável. A redução de ofertas de aparas acabou gerando aumento de preço, desde a retomada, em função do alto consumo, o que trouxe um impacto no custo do produto”, conclui.