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Setor de delivery cresce mais de 94% durante a pandemia

O isolamento social tem nos impossibilitado de desempenhar atividades simples como, por exemplo, ir ao restaurante. Com boa parte do comércio de portas fechadas, os empresários não tiveram alternativa e foram obrigados a se adaptar ao delivery, fazendo a procura por esse tipo de serviço aumentar consideravelmente. Entre os meses de abril e junho, os gastos com os principais aplicativos de entrega de comida (Rappi, Ifood e Uber Eats) cresceram 94,67% no período, ou seja, quase dobraram na comparação entre janeiro e maio de 2019.

As informações são da Mobills, startup de gestão de finanças pessoais, que analisou dados de mais de 160 mil usuários. A pesquisa apontou também que no início da quarentena no Brasil, os serviços de delivery tiveram uma queda de 16,98% em comparação a fevereiro. Porém, depois do primeiro mês de isolamento, o estudo apontou crescimento das despesas com o serviço de entrega. Em abril, o aumento representou 60,67% em relação a março, e em maio, 39,58% em comparação com abril.

Para o CEO da Mobills, Carlos Terceiro, a facilidade já estava fazendo com que a modalidade crescesse antes mesmo da crise sanitária surgir. “Com o período de quarentena, tornou-se quase uma necessidade optar pelo delivery. Aos poucos e com segurança, as pessoas começaram a solicitar o serviço. Assim, o aumento da demanda ocorreu de forma balanceada e gradual à medida que outras despesas foram ficando menores, como com transporte e lazer”.

Ele acrescenta que com o surto de coronavírus, os restaurantes fecharam as portas e as pessoas passaram a ter que consumir de casa. “Nesse sentido, a quarentena está tendo impacto direto no comportamento de compra, sobretudo na categoria de delivery. A COVID-19 acentuou a procura tanto para alimentação como para farmácia e supermercado”.

O CEO garante ainda que no estudo foi possível analisar claramente a mudança no padrão de consumo decorrente da pandemia, o que mostrou a expansão do delivery, uma vez que o total gasto quase dobrou.

A aposta dele é de que as pessoas continuarão optando por esse serviço por um bom tempo. “O que posso dizer é que boa parte desse crescimento vai se consolidar em novos hábitos, principalmente para quem possui uma rotina corrida. Até porque é mais cômodo escolher um aplicativo de sua preferência e receber o produto que desejar no conforto de casa. Nesse cenário, muitas empresas também passaram a oferecer mais mercadorias, ampliando ainda mais as oportunidades ou desejos de consumo do cliente”.

Transação também cresce

A pesquisa também analisou aumento no ticket médio dos pedidos realizados em cada um dos aplicativos. A Rappi, que além do delivery alimentício, oferece entrega de supermercado, farmácia e compras em geral se destacou sendo a plataforma com maior crescimento. Em maio, o valor médio das transações era R$ 97,20, o que representa elevação de 92,4% em comparação ao mês de janeiro, onde o gasto médio era de R$ 50,51.

O Ifood manteve o ticket médio estável até março, quando começou a apresentar crescimento. Em janeiro e março, os gastos, em média, eram de R$ 35. Já, em maio, o valor cresceu para R$ 42, representando 22,3% de aumento em comparação a janeiro. Já o Uber Eats não apresentou avanço no ticket médio, mantendo o valor por volta de R$ 36 em maio.

Trabalhando em home office desde o fim de março, a advogada Ellen Mendes conta que, antes da pandemia, consumia esporadicamente por meio do delivery. “Era vez ou outra, quando esquecia o almoço em casa, ou em um fim de semana. Mas com a quarentena, o medo de ir ao supermercado me fez explorar mais os apps”.

Ela foi ganhando confiança e hoje opta pelo delivery para alguns serviços. “Já usei para comprar remédio, ração para o cachorro e até um mouse, pois o meu havia quebrado. Acho que para o pós-pandemia, seguirei fiel a essa modalidade, principalmente pela praticidade”, conclui.