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Busca por câmeras térmicas sobe 121,5% e impulsiona setor de segurança eletrônica

Apesar do primeiro semestre conturbado para diversas áreas da economia por conta da COVID-19, a crise não abalou o mercado de segurança eletrônica. A pandemia fez surgir novas demandas e a comercialização de tecnologias como câmeras térmicas e reconhecimento facial incrementaram as vendas do segmento. De acordo com previsão da Associação Brasileira das Empresas de Sistemas Eletrônicos de Segurança (Abese), o ramo está otimista e com expectativa de crescimento de 12% este ano. O faturamento foi de R$ 7,17 bilhões em 2019.

A presidente da Abese, Selma Migliori, esclarece que as pessoas vêm buscando alternativas na tecnologia pra poder evitar o contato. “Os dispositivos de reconhecimento fácil tiveram destaque e uma grande procura. Também as câmeras térmicas muito utilizadas para monitoramento de florestas e fronteiras foram adequadas pela indústria para auxiliar na saúde e colaborar com a necessidade atual. Ela permite medir a temperatura corporal e é capaz de identificar quadro de febre, um dos sintomas da COVID-19. Esse equipamento chegou a 121,5% de aumento nas vendas de março até julho”.

Outras soluções como videomonitoramento, sistemas de alarme, controle de acesso e portaria remota tiveram aumento de orçamentos, mas não efetivamente nas vendas. “Esse último produto auxilia na redução de custos e permite o atendimento em condomínios e empresas a distância. A demanda por essa tecnologia ainda está reprimida, pois muitos locais não permitem a entrada de prestadores de serviço para instalação nesse momento. Mas assim que a crise sanitária passar, esse será um nicho que deverá crescer 30% ou mais”, revela.

Entre os empreendimentos que procuram por ferramentas de segurança eletrônica estão os shopping centers, hotéis e grandes indústrias, visando o processo de retomada das atividades. “Também os supermercados e hospitais que são atividades essenciais e não pararam. Foram os que mais consumiram tecnologia para prevenir a contaminação devido ao grande fluxo de pessoas nesses ambientes”, informa Selma.

Samir Bittar é sócio proprietário de uma empresa do ramo de segurança eletrônica e afirma que houve uma queda brusca nas receitas no início da pandemia. “Isso porque nosso público é o comércio varejista, no qual boa parte precisou fechar as portas. Com isso, começamos a abranger outras áreas também como grandes indústrias e hospitais, que agora tem sido nossos maiores clientes”.

Ele diz que as câmeras térmicas e reconhecimento facial são tecnologias muito procuradas e tiveram um aumento de 30%. “Essas ferramentas são excelentes para atender a demanda atual. A leitura da temperatura é instantânea e permite, por exemplo, identificar se a pessoa está com febre. Em média, o custo gira em torno de R$ 7 a 10 mil”. Recentemente, a empresa fez a instalação de 80 câmeras em um hospital, inclusive, em leitos de UTI, o que possibilita o acompanhamento dos pacientes 24 horas por dia e sem a presença física do profissional de saúde.

O contato direto com clientes e a panfletagem foram reduzidos. “Temos apostado no marketing digital e divulgação do nosso trabalho pelo site e redes sociais. No quesito funcionários, a empresa tem seu quadro de colaboradores fixos, mas também lida com prestadores de serviços autônomos, no qual recebem por serviço executado. Mas assim que a situação da pandemia for normalizada, retomaremos a contratação”, conclui.

Demissões e contratações

Esse é um mercado importante para a economia, responsável por gerar cerca de 250 mil empregos diretos e mais de 2 milhões indiretos. No atual momento, no qual muitos trabalhadores foram dispensados, o setor de segurança eletrônica também se surpreendeu positivamente. “Mais de 75% das empresas não demitiram funcionários, inclusive, algumas chegaram a contratar para atender a demanda por tecnologia disponível para colaborar com a saúde nesse período”, acrescenta Selma.

E a tendência é crescer a quantidade de empregos gerados. “Embora ofereça produtos para área de segurança, as câmeras térmicas transitam também nos mais diversos segmentos e podem ser usadas para a saúde, agronegócio, combate à violência, cidades inteligentes. Haverá uma busca pela portaria remota nos próximos meses, apesar de as pessoas, equivocadamente, acreditarem que a tecnologia desemprega os porteiros. Na verdade, os profissionais, principalmente os de maior faixa etária, têm a possibilidade de se capacitarem e serem inseridos em uma empesa de monitoramento”, finaliza.