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Isolamento reduziu consumo de produtos de beleza em até 26%

Durante a crise econômica que assolou o país em meados de 2014, o setor de beleza ganhou destaque por não sofrer grandes impactos, no entanto, o mesmo não acontece com a pandemia do novo coronavírus. Uma pesquisa da Nielsen apontou que as brasileiras têm deixado de lado a compra de produtos de beleza, gerando uma diminuição de 26% se comparada ao ano passado. Outro estudo feito pela Kantar assinalou ainda que mulheres são as que têm a rotina mais impactada pela quarentena, o que reflete nos segmentos direcionados a elas.

O economista e sócio diretor da Brain Fábio Tadeu Araújo acrescenta que embora vivamos num mundo no qual a participação do homem nas tarefas do lar aumentou, elas continuam tendo um envolvimento maior com o ambiente doméstico. “E não apenas com a casa, mas também com a educação dos filhos. Sendo assim, as mulheres estão com menos tempo do que antes para se debruçarem sobre o mercado de beleza”.

Para ele, esse setor sofreu por dois motivos: saúde e necessidade. “São locais onde se tem muito contato físico, o que aumenta o risco de transmissão do coronavírus, por isso, as pessoas deixaram de frequentar ambientes como os salões de beleza. O segundo ponto é que esses produtos são vistos como desnecessários. Diversos consumidores enxergam o gasto como supérfluo para o momento em que estamos, já que muitos estão trabalhando de casa”.

Araújo afirma ainda que os produtos que estão deixando de ser comprados durante a quarentena prova que as pessoas estão evitando serviços não essenciais. “Acredito que é bem possível que esse desapego dure. Vários estudos econômicos demonstram que crises de longa duração mudam permanentemente os comportamentos. Muitos hábitos serão incorporados a nossa nova cultura de compra, lazer e serviço”.

A publicitária Luana Bovino aproveitou o isolamento para fazer uma limpa em seus produtos. Após o momento de desapego, observou que muitos não foram sequer usados. “Loja de produtos de beleza é uma loucura. Você entra para comprar um cotonete e sai de lá deixando metade do salário. Eu tinha ampolas de tratamento capilar que comprei e nem testei, cremes abertos que já tinham vencido e por aí vai. Percebi que não preciso ter três tipos de creme hidratante, um basta. Vou continuar com essa linha a fim de economizar e, principalmente, parar de comprar sem necessidade”.

O economista finaliza dizendo que, com exceção dos setores essenciais, como alimentação, limpeza, saúde e segurança, todos sofrerão impactos devido à pandemia. “Educação, turismo, o próprio lazer e entretenimento dentro das cidades como cinema e espetáculos e o segmento de eventos corporativos e empresariais”.