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Setor de orgânicos fatura R$ 500 mi durante um mês de quarentena

Se alguns setores da economia somam grandes prejuízos durante este período de quarentena e isolamento social, estratégia defendida por órgãos de saúde para conter o avanço do novo coronavírus, outros segmentos não têm do que reclamar, como é o caso dos produtos orgânicos. Segundo dados da Organis, entidade de promoção do setor, o faturamento durante um mês de quarentena foi de R$ 500 milhões e, para este ano, a instituição mantém a previsão de lucro estimado no começo de 2020: R$ 5 bilhões.

Clauber Cobo Cruz, diretor da Organis, diz que o faturamento do primeiro mês de quarentena foi um pouco acima da média, pois houve um aumento na demanda devido ao fato das pessoas decidirem estocar alimentos. “Na primeira semana da pandemia podemos afirmar que o orgânico cresceu no mínimo 20%, mas o setor já dá sinais de se normalizar ao patamar de antes”.

Um dos produtos que está se destacando neste período é a própolis. Por ser considerado um composto natural que aumenta a imunidade, a procura está sendo bem maior do que antes. “O consumidor está disposto a adquirir produtos saudáveis, colocando no mesmo nível de importância da higienização. No geral, a indústria está bem. Alguns vendendo mais, outros menos. Mas, na média, o balanço é positivo. Por exemplo, uma associada da Organis nunca exportou tanto própolis como agora”.

Mercado em ascensão

Seja pela tendência de que, nos últimos anos, as pessoas estão mais interessadas em manter uma alimentação mais saudável ou por procurarem consumir produtos mais sustentáveis, o fato é que os orgânicos estão ganhando o mercado. Para se ter uma ideia, o segmento fatura por ano, aproximadamente, US$ 100 bilhões, sendo que os Estados Unidos representam quase a metade do mercado mundial, seguido por Alemanha, França, China e Canadá.

“Os orgânicos estão ganhando cada vez mais espaço nos supermercados, seja na seção de frutas, legumes e verduras ou nas gôndolas de alimentos processados. Já no setor de serviços, há muitos restaurantes que usam apenas produtos de origem sustentável em seus pratos”, destaca Cruz.

No Brasil, há mais de 21 mil produtores orgânicos certificados, sendo que lucro, de 2019, do segmento foi de R$ 4,5 bilhões e as exportações faturaram US$ 190 milhões. “Acredito que, para 2020, o setor pode crescer entre 10% e 15%. Caso esse aumento se mantenha constante nos próximos anos, vamos chegar nos 2 dígitos logo. Isso deixa claro que, ao contrário do que muitas pessoas pensam, o orgânico não é uma questão de moda, é um conceito que veio para ficar”.

Definição de orgânico

No Brasil, a Lei 10.831 de 23 de dezembro de 2003 regulamenta o que pode ou não ser considerado um produto orgânico. Segundo essa legislação, no seu primeiro artigo, “considera-se sistema orgânico de produção agropecuária todo aquele em que se adotam técnicas específicas, mediante a otimização do uso dos recursos naturais e socioeconômicos disponíveis e o respeito à integridade cultural das comunidades rurais, tendo por objetivo a sustentabilidade econômica e ecológica, a maximização dos benefícios sociais, a minimização da dependência de energia não renovável, empregando, sempre que possível, métodos culturais, biológicos e mecânicos, em contraposição ao uso de materiais sintéticos, a eliminação do uso de organismos geneticamente modificados e radiações ionizantes, em qualquer fase do processo de produção, processamento, armazenamento, distribuição e comercialização, e a proteção do meio ambiente”.