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COVID-19 expõe falta de planejamento financeiro de pessoas físicas e jurídicas

A pandemia da COVID-19 fez desabar as expectativas econômicas em todo o mundo. Dados do Fundo Monetário Internacional (FMI) apontam que por consequência do coronavírus, o mundo vai registrar, em 2020, o pior desempenho econômico desde a Grande Depressão de 1929. O órgão passou a estimar que o Produto Interno Bruto (PIB) global recue 3%, a previsão anterior era de alta de 3,3%.

Pesquisadores acreditam que no Brasil enfrentaremos uma retração econômica semelhante à crise financeira de 2008 e a greve dos caminhoneiros de 2018. Segundo o relatório “A Economia nos Tempos da COVID-19” do Banco Mundial, o PIB deve fechar com queda de 5% no país este ano.

Para o diretor financeiro e administrativo Fernando Sanches, a crise devido ao coronavírus é fatal, mas poderia ter um impacto menor se as famílias brasileiras tivessem segurança financeira disponível. “Os brasileiros enfrentam um histórico econômico de recorrentes crises, principalmente, os assalariados. Se as pessoas tivessem alguma reserva haveria instabilidade econômica neste momento”, aponta.

Ele aponta que o histórico familiar e a falta de disciplina são as principais razões que fazem com que o brasileiro não tenha reservas ou organize seu orçamento. “Vale destacar que não é somente por culpa das pessoas, mas existem vários fatores socioeconômicos, como renda per capita baixa e falta de educação sobre o valor real do dinheiro. Poupar é disciplina e hábito que, infelizmente, a maioria não tem. A prioridade é pagar as contas e ver se sobra, mas, a verdade é que dificilmente isso acontece”.

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Desorganização nas empresas

Essa dificuldade de organização, na visão de Sanches, chega também às pessoas jurídicas. “Um erro comum, cometido por alguns empresários, é não dominar as finanças da empresa e não ter um planejamento estratégico, principalmente, os empreendedores de pequeno porte. Falta direcionamento de missão, visão e valores”.

Ele acrescenta que uma empresa só sobrevive se tiver um bom planejamento. “Ele deve ser simples e factível. Paralelamente, é preciso uma análise individual de rentabilidade dos produtos ou serviços oferecidos ao mercado, para identificar se existe déficit em algum, subtraindo a receita da empresa. Mensalmente, ainda é necessário revisar os orçamentos e, com isso, alinhar todos os gestores da companhia de modo que consigam ser ágeis e eficientes em todos os momentos, principalmente em tempos árduos”.

Por isso, o especialista reitera que se as empresas tivessem um planejamento orçamentário eficiente, passariam pela crise e poderiam, inclusive, sair mais fortalecidas

Sanches assegura que as empresas e os líderes que se mantêm resilientes atravessam as crises e costumam gerar novos negócios diante de oportunidades que surgem. “Não será diferente com a pandemia da COVID-19”. Sendo assim, o empresário, na medida do possível, deve preservar seu capital de giro, além de conservar e fortalecer o capital humano. “Execute uma análise de riscos, de market share (cota de mercado) e de investimentos para depois tomar decisões de enfrentamento da crise”

Ele acrescenta que, com o aumento do desemprego e dos preços, o país anda numa corda bamba. “Nesse momento, é preciso ficar mais atento às despesas. O maior problema é que os empresários e as pessoas desanimam com esse cenário ao invés de criarem soluções. Eles acabam desperdiçando energia e foco e isso não pode acontecer”.

Economizar é o verbo

Segundo o especialista, as pessoas físicas devem cortar gastos com o valor das contas de água e luz, além de evitar usar o cartão de crédito e fazer uma planilha de despesas para controlar o orçamento. Enquanto que as empresas também precisam reduzir gastos atrelados a consumo e insumo, renegociar parceiros e valores para descontos e carências, tentar prorrogar o vencimento de faturas de fornecedores, ser transparente com os colaboradores e manter-se atualizadas sobre mudanças nas leis.

Ainda sobre as empresas, Sanches finaliza com o que julga ser mais importante: fluxo de caixa. “É necessário fazer uma relação entre entrada e saída de dinheiro e usar esses números para tomar decisões inteligentes. A falta de pagamento de serviços essenciais vai paralisar a produção, assim como o atraso de salários, deixar de pagar encargos trabalhistas, empréstimos, impostos e todas as demais despesas necessárias para que o negócio opere”, conclui.