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Brasil estuda implantar “drogômetro” para detectar substâncias ilícitas em motoristas

Esgota-se em abril o prazo para que o grupo de trabalho montado pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP), no ano passado, conclua seus estudos sobre a implementação das tecnologias de Screening de Substâncias Psicoativas (SPAs), chamados de “drogômetros”, para detectar o consumo de substâncias ilícitas em condutores no trânsito brasileiro.

O dispositivo funciona de forma parecida com o bafômetro, que identifica a presença de álcool no organismo, e tem o objetivo de prevenir acidentes de trânsito. Usado em países como Estados Unidos, Austrália e Canadá para o combate a entorpecentes e políticas de segurança no trânsito, o aparelho é capaz de detectar, em até 10 minutos, o uso de substâncias ilícitas como maconha, haxixe, cocaína, crack, opiáceos e anfetaminas, a partir de amostras de saliva ou suor de motoristas.

“A experiência de países como Austrália, Inglaterra, Noruega, Alemanha, Nova Zelândia, Canadá e Estados Unidos demonstra que, aliada às políticas de fiscalização, a implementação das técnicas de triagem para detecção de substâncias psicoativas, por condutores de veículos, é efetiva para reduzir os índices de colisões e mortes no trânsito”, afirmou, em coletiva, o secretário nacional de Políticas sobre Drogas, Luiz Roberto Beggiora.

De acordo com o MJSP, já foram comprovadas a confiabilidade da técnica e sua eficácia para reduzir acidentes. Testes com motoristas voluntários apontaram 20% de comprovação de uso de drogas, percentual que, segundo o órgão, deve aumentar se o teste for compulsório nas blitzes de trânsito.

Uma das propostas de tecnologias apresentadas ao governo, é o Intelligent Fingerprinting, equipamento que usa o suor presente na digital para revelar a presença de drogas. O equipamento é capaz de identificar se o condutor continua sob efeito da droga ilícita até 10 horas depois do uso. “O material positivo coletado depois do teste não precisa de refrigeração nas primeiras 72 horas, ao contrário do que acontece com os aparelhos que utilizam a saliva como amostra”, explica Rodrigo Silveira, diretor comercial da Orbitae, empresa que representa o aparelho no Brasil.

Silveira acrescenta que com a digital é possível detectar qual foi a droga usada e a quantidade dela no organismo do usuário. “O teste do suor também não é considerado invasivo, como os de sangue, saliva e urina. O equipamento é fácil de usar, não necessita de treinamento especial para ser usado, e tanto o teste quanto a amostra testada são categorizados como lixo comum”, defende. Segundo a empresa, a taxa de eficácia é acima de 90%. “No caso de maconha e de haxixe (THC), o grau de precisão é de 98,7%, para cocaína 94,7%, opiáceos 96% e anfetaminas de 93.3%”.

O diretor enfatiza que a opção é menos burocrática. “Todos os cartuchos de teste possuem a identificação da pessoa analisada e também sua assinatura. Os testes positivos para as drogas ficam com a autoridade policial como prova para abertura de inquérito ou lavratura de multa. É um meio rápido e confiável de levar mais segurança para as vias rodoviárias, náuticas e aéreas brasileiras”.

Sem revelar o custo para implementação da tecnologia, o diretor defende que é a melhor relação custo x benefício do mercado. “Em virtude de não necessitar de equipe especializada para aplicação, uso de luvas, local específico para ser realizado, ao contrário dos de urina e sangue, por exemplo, e pelo fato do descarte do material ser feito em lixo comum”, explica. No Brasil, o aparelho foi testado no Pará, Pernambuco e Distrito Federal.