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Mesmo sem sintomas, check-up anual deve ser feito para prevenir doenças silenciosas

Todos os anos, o ritual se repete: entre o fim do mês de novembro e início de dezembro, a mestranda Fabíola Freitas, 31, pega o telefone para marcar sua consulta de check-up médico. Com os pedidos em mãos, inicia a missão de marcar todos os exames, o objetivo é que, até o fim do ano, ela tenha um panorama do estado geral de sua saúde. “Algumas pessoas falam que ir ao médico sem estar sentindo nada é ‘caçar’ doenças, isso é uma grande ignorância. Na minha família, por exemplo, há histórico de câncer de mama, como um dos fatores de risco é a genética, já faço mamografia anualmente, mesmo antes da idade recomendada porque preciso acompanhar de perto qualquer anormalidade”, descreve.

Segundo dados do Ministério da Saúde, Fabíola é exceção. De acordo com levantamento do órgão, realizado em 2018 um em cada três brasileiros não tem o hábito de ir ao médico regularmente. Quando o recorte é feito sobre os homens, as estatísticas são mais pessimistas: 31% dos homens brasileiros não têm o hábito de ir aos serviços de saúde para fazer check-up e buscar auxílio na prevenção de doenças.

Para o cardiologista Diogo Umann, a procrastinação dos brasileiros na hora de realizar exames anuais pode estar ligada à falta de sintomas. “A pessoa não sente nada, é totalmente ativa, às vezes, tem uma boa alimentação, dorme bem, não tem muito estresse no dia a dia, é magra, então, acredita que não precisa fazer nada porque toda a parte externa aparenta estar bem”. Entretanto, o médico alerta que isso é um erro. “Existem doenças hereditárias que são silenciosas e a pessoa não percebe. Por exemplo, a diabetes só é sintomática quando já se tem. Então, as pessoas adiam a visita porque não sentem nada, mas sentir algo é sinal que já está tarde, por isso a prevenção é tão importante”, frisa.

Infarto, Acidente Vascular Cerebral (AVC), diabetes, hipertensão e cânceres estão entre as principais doenças que podem ser evitadas ou tratadas em fase inicial com a realização do check-up. “No geral, são pedidos exames de sangue em que analisamos colesterol, vitaminas, hormônios, tireoide, marcadores hepáticos, glicose, anemia e hemoglobina. Exames de urina e fezes também são requisitados. E, se o paciente tem algum quadro de hipertensão ou cardíaco, cada caso é um, mas podem ser pedidos um eletrocardiograma ou teste ergométrico”, completa o médico.

Quando e como fazer?
O cardiologista explica que check-ups anuais são indicados para todas as pessoas, independentemente da idade. Porém, após os 25 anos é preciso ser mais comprometido com o hábito.

Além disso, cada um precisa saber das particularidades, por exemplo, se há histórico familiar de colesterol alto ou de morte súbita quando, o ideal é que os exames sejam realizados desde a infância. Esses fatores também influenciam na periodicidade do procedimento. “No geral, em pacientes saudáveis, que não têm nenhuma comorbidade, o indicado é uma vez por ano. Pacientes que têm hipertensão, diabetes ou que já fazem algum tipo de tratamento, é preciso ir de 6 em 6 meses”, esclarece Umann.

Não existe muitas diferenças nos exames pedidos para gêneros diferentes. “Para as mulheres existem procedimentos específicos, como a mamografia e a consulta com a ginecologista para checar os índices hormonais e preventivos no colo do útero. Para os homens, é realizada a prevenção do câncer de próstata com os marcadores de Antígeno Prostático Específico (PSA) juntamente com o toque retal e o ultrassom realizado pelo urologista”, especifica o médico.

Na questão do preparo para a realização, as condições costumam ser simples. “O paciente precisa estar em jejum de, no mínimo, 10 a 12h. Não ter ingerido nenhum tipo de bebida alcoólica nas últimas 48h. Homens a partir de 45 anos que vão passar por exames na próstata não podem ter nenhum tipo de relação sexual antes. Dependendo do tipo de ultrassom da parte gástrica, também será exigido uma preparação específica”, diz o cardiologista.
Os exames de check-up podem ser feitos na rede do Sistema Único de Saúde (SUS), de forma gratuita, procurando o posto de saúde do seu bairro. O procedimento também pode ser requisitado em clínicas de saúde privadas, que costumam oferecer promoções.