Entre os dias 24 de novembro e 1º de dezembro, Brasília irá sediar o Panamericano de vôlei masculino. Com quatro equipes disputando o campeonato (Brasil, México, Uruguai e ainda falta a confirmação de mais uma seleção), na primeira fase, elas disputam entre si e, na segunda etapa, o primeiro joga contra o último colocado e o segundo com o terceiro para saber quem irá para a final ou disputar o terceiro lugar. Os três primeiros se classificam para o mundial da categoria, que será na Itália em 2020.
Mario Xandó, técnico da seleção e medalhista olímpico de vôlei em 1984, conta que a escolha dos atletas para representar o país nesta competição foi feita após 3 meses de seletivas e treino oficial. “A Confederação Brasileira de Desportos de Surdos (CBDS) possui uma lista de atletas das confederações estaduais que irão participar desse processo. Atualmente trabalhamos com, aproximadamente, 65 esportistas que podem ser convocados”.
Apesar das conquistas, o vôlei para surdos ainda sofre com os desafios do amadorismo. “Há muita resistência para conseguir investimento, principalmente porque esse segmento não é considerado nem olímpico e nem paralímpico. Apesar do treinamento ser igual, quando os surdos jogam com atletas sem deficiência, há uma certa dificuldade para entender e acompanhar a dinâmica. E também não é possível competir paralimpicamente, pois o vôlei é jogado por pessoas que têm deficiência nas pernas e eles ficam ‘sentados’”.
Para se ter uma ideia de como essa modalidade ainda carece de mais investimentos, este Panamericano será o primeiro no qual os jogadores terão todos os custos pagos pela confederação. “Como também sou o coordenador das seleções tanto masculina como a feminina, corri atrás por muito tempo e conseguimos ter o patrocínio do Banco do Brasil”.
Sobre as expectativas para a competição, Xandó diz que está confiante com o bicampeonato. “Estamos vindo de bons resultados mundiais, como o 5º lugar na Surdolimpíadas na Turquia. Além disso, a seleção americana, que poderia complicar a nossa vida na conquista do título, não estará presente nesta edição. Eles optaram por mandar apenas a feminina”.
E, em relação ao futuro, o técnico também está otimista. “A atual primeira-dama, Michelle Bolsonaro, chegou com um discurso de dar mais visibilidade para os surdos e espero que isso também atinja o esporte”.
Mineiro no Panamericano
O mineiro, de Poços de Caldas, Cairo Gomes será um dos representantes do estado na seleção brasileira. Professor da rede pública e particular, ele conta que joga vôlei desde a adolescência, mas parou para se dedicar ao trabalho e faculdade. “Depois de formado, voltei a jogar com ouvintes e fui perdendo a audição. Hoje tenho deficiência auditiva e preciso de aparelho para escutar melhor, tanto no trabalho quanto na parte social”.
Gomes diz que conheceu a seleção de surdos em 2017 e retornou em 2018 para seletivas. “Desde o início do ano, tenho preparado o meu condicionamento físico. Faço academia para ganhar massa muscular, alimentação com nutricionista e algumas terapias holísticas para dores, como yoga e acupuntura”.
Questionado sobre como é representar o Brasil em uma competição continental, o jogador afirma que está feliz com a oportunidade. “Será uma honra fazer parte dessa seleção e poder contribuir para o bicampeonato. Estamos com muita vontade de jogar e ganhar mais uma vez. Todos do time estão se empenhando para nossa melhor versão dentro e fora de quadra. Então, acredito que o sentimento de todos é felicidade”, finaliza.