A desaceleração do crescimento global se tornou mais intensa e disseminada nas últimas semanas. Além da decepção com os dados mais recentes da atividade econômica global, as incertezas acerca da guerra comercial, as questões políticas nos EUA e os impasses em torno do Brexit, seguem impactando negativamente a confiança mundial, o que sugere menor crescimento para os próximos anos.
Na Ásia, vemos a situação em Hong Kong cada vez mais difícil, com a população não aceitando o julgo do governo chinês; no Oriente Médio, continua a infindável guerra entre os países, por questões religiosas, fronteiriças e econômicas. Em Israel, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu renunciou e não consegue uma negociação positiva com a oposição. Portugal e Espanha também convivem com problemas internos de difícil solução. A França com o movimento dos coletes amarelos e dos agricultores. E a líder Alemanha envolvida com a revolta de seus habitantes pela presença dos imigrantes, situação aliás que, cada vez mais, causa repúdio e inconformismo de vários setores dos países que se abriram para a ajuda humanitária.
Nas Américas, o Canadá está próximo a perder a liderança de Trudeau; no México o atual presidente teve que ceder e negociar com o tráfico para preservar as vidas de seus conterrâneos; na Venezuela continua o governo Maduro fazendo e acontecendo na revolução bolivariana; Colômbia volta a conviver com o fantasma das FARC; no Equador o presidente teve que se mudar para Guayaquil até que a situação melhorasse na capital Quito; na Bolívia o presidente atual sai para a sua quarta gestão, com segundo turno, e reclamação do opositor sobre a lisura do pleito; na Argentina a chapa com a ex-presidente Cristina Kirchner lidera as pesquisas; no Chile o presidente convive com uma revolta da sociedade contra as suas decisões, tendo que acionar as forças armadas e decretado toque de recolher.
No Peru, o presidente fecha o Supremo e o Congresso, com o apoio das forças militares.
A situação fica pior quando analisamos o panorama econômico mundial, via Fundo Monetário Internacional (FMI), uma vez que a economia mundial terá o pior crescimento desde a crise financeira de 2008.
E nós no Brasil? Tudo o que relacionamos acima, sobre o cenário econômico internacional, tende a influenciar o nosso momento financeiro. Acrescemos a isso, a situação política que vivenciamos.
Acontecimentos externos previstos para as próximas semanas, especialmente referentes à retomada das negociações comerciais entre as duas potências, serão importantes para determinar o grau de risco externo ao qual nossa economia será submetida na virada de 2019 para 2020. Continuamos na expectativa de que sejam agilizadas as reformas necessárias à retomada do crescimento, como a administrativa e a tributária, com destaque para a previdenciária, que continua no Senado para votação em segundo turno.
Apesar de todo esse clima adverso, tivemos várias boas notícias. Os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) revelam que foram gerados, em setembro, 157 mil vagas com carteira assinada, o melhor resultado em 6 anos para o mês. O otimismo continua crescente no meio empresarial e no mercado financeiro. A projeção de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) é de até 1% neste ano. Em 2020 já viabiliza-se avançar até 2%, talvez mais.
Vale ressaltar alguns índices importantes em nosso mercado, como o Ibovespa que encerrou setembro com alta de 3.57%, trazendo ganhos interessantes. A curva de juros, dadas as dificuldades para a recuperação da atividade econômica brasileira e expectativas inflacionárias bem escoradas, deverá ter mais uma redução de corte na taxa Selic na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) (30/outubro) encerrando o ano em 5.00% a. É importante observar que, neste cenário, a hipótese de cortes adicionais é bastante factível. Analistas começam a projetar a taxa de juros abaixo de 4%, o que ninguém imaginava possível até a pouco tempo atrás.
Apesar dos problemas políticos, o mercado demonstra sua maioridade não permitindo que atinja a economia. O que beneficia a todos. Não percamos o otimismo!
*Engenheiro, presidente da Federação de Convention & Visitors Bureaux-MG, presidente do Conselho do Instituto Sustentar e
vice-presidente da Federaminas