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Jovens não sabem nome de um cientista brasileiro

O que a população sabe, pensa e espera da ciência? Essas questões foram levantadas pela pesquisa realizada pelo Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Comunicação Pública da Ciência e Tecnologia (INCT-CPCT). Os resultados são controversos: a maioria (67%) dos jovens brasileiros se declararam “interessados ou muito interessados” por ciência e tecnologia, inclusive o número é igual aos que têm afinidade por religião (67%) e maior do que os que apontam interesse por futebol (62%). Porém, são poucos (26%) os que buscam frequentemente por informações sobre o tema e é mínimo o índice de pessoas que sabem o nome de algum cientista brasileiro (5%) ou sabem dizer o nome de alguma instituição de pesquisa nacional (12%). Meio ambiente (80%) e medicina e saúde (74%) são os temas que aparecem na frente como interesses citados pelos jovens.

O estudo é baseado em 2,2 mil entrevistas domiciliares, realizadas com pessoas de 15 a 24 anos, em 21 estados e no Distrito Federal, no início deste ano. Entre as instituições brasileiras de pesquisa mais citadas ficaram a Universidade de São Paulo (USP), o Instituto Butantan e a Fiocruz. Os cientistas mais lembrados foram o astronauta Marcos Pontes (atual ministro da Ciência e Tecnologia), o inventor mineiro Santos Dumont e o médico sanitarista Oswaldo Cruz. “É importante entender a percepção dos jovens, porque eles são nossos futuros cidadãos. É uma geração que já nasceu no contexto da internet”, disse a coordenadora do INCT-CPCT e pesquisadora da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Luisa Massarani.

Com relação aos investimentos do governo em pesquisas científicas, 94% disseram que nosso país deveria aumentar (60%) ou ao menos manter (34%), ainda que “os recursos são limitados e que gastar mais com alguma coisa significa ter que gastar menos com outras”. Além disso, 68% concordaram que “os governantes devem seguir as orientações dos cientistas”.

Por outro lado, sobre questões importantes da atualidade, a credibilidade da ciência parece ser colocada em xeque. Para 54% dos entrevistados, os cientistas podem estar exagerando quanto aos efeitos das mudanças climáticas. Outros 40% não concordam que os humanos evoluíram e descendem de outros animais, 25% dizem acreditar que vacinar crianças pode ser perigoso. E, por fim, 40% concordaram com a afirmação de que “se a ciência não existisse, meu dia a dia não mudaria muito”, apesar dela estar por trás de todos os produtos que utilizamos no nosso cotidiano, desde roupas, cosméticos, alimentos, remédios e até aparelhos eletrônicos.

São também a ciência e a tecnologia, as responsáveis pelo surgimento e aprimoramento da internet, o que possibilita os meios mais citados pelos entrevistados acessarem conteúdos sobre o tema, como Google (79%) e Youtube (73%), que aparecem no topo como fontes de acesso à ciência.


Conheça 6 cientistas mineiros e suas contribuições 

Rafaela Salgado Ferreira

Natural de BH, a mineira de 36 anos é professora adjunta do Departamento de Bioquímica e Imunologia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e, em 2017 e 2018, ganhou o prêmio nacional Para Mulheres na Ciência e o prêmio International Rising Talents por sua pesquisa em fármacos que combatem a febre zika e a doença de Chagas, consideradas doenças negligenciadas. Para combater essas doenças, a equipe utiliza programas de computador para prever quais moléculas podem ser eficientes no combate a esses patógenos, de forma a reduzir os custos e o tempo da pesquisa, no chamado desenvolvimento racional de fármacos.


Carlos Chagas (1878-1934)

Chagas anunciou a identificação de uma nova doença, seu agente causador e o vetor responsável por sua transmissão. Ele encontrou, no intestino dos animais, um protozoário que chamou de Trypanosoma cruzi, e viu que o parasito era capaz de contaminar diversas espécies de mamíferos, inclusive os humanos. Sua suspeita foi confirmada com o caso de uma criança que apresentava febre e gânglios inchados. Hoje, sabemos que esses são sintomas da doença de Chagas, que ainda atinge milhões de pessoas na América Latina.


Djalma Guimarães (1894-1973) 

Mineiro de Santa Luzia, as rochas despertavam o interesse de Guimarães. Em um trabalho de campo na cidade de Araxá (MG), ele encontrou uma concentração de pirocloro, mineral rico em nióbio. À época, ninguém deu bola para a descoberta. Mais tarde, porém, o nióbio mostrou-se útil para a produção de ligas de aço de alta resistência, usadas na construção civil e na indústria mecânica, automobilística e espacial. Hoje, o Brasil é o maior produtor mundial do metal.


Marcos Mares Guia (1935-2002) 

Durante o doutorado na Universidade de Louisiana (EUA), Mares estudou as reações químicas catalisadas pelas enzimas humanas. Ao observar a atuação conjunta de pesquisa e indústria, ele voltou ao Brasil decidido a promover também aqui essa interação. Montou um laboratório que serviu de base para a primeira empresa fabricante de enzimas no país, a Biobras, que se tornou a maior produtora de insulina sintética da América Latina.


Vital Brazil (1865-1950) 

Em sua época, milhares de brasileiros morriam em decorrência de picadas de serpentes e o único soro disponível, fabricado a partir da toxina da cobra naja, não funcionava com espécies brasileiras. Intrigado, Brazil verificou que o organismo humano reagia de forma particular às diferentes peçonhas e que seriam necessários soros específicos para cada uma delas. Ele aprimorou o processo de produção dos soros antiofídicos inoculando cavalos com as peçonhas e extraindo do sangue desses animais os anticorpos por eles produzidos. Após ter seu trabalho reconhecido, o médico doou a patente ao governo brasileiro. Até hoje, graças à sua contribuição, o soro antiofídico é produzido e distribuído gratuitamente à população.


Alberto Santos Dumont (1873-1932) 

Santos Dumont tornou o sonho de voar em realidade. Tendo aprendido a pilotar balões na França, em 1898, construiu seu primeiro protótipo com seda japonesa. Três anos mais tarde, levantou voo, contornou a Torre Eiffel e retornou ao mesmo local de onde havia partido, o que demonstrou a dirigibilidade de seus balões com lemes, hélices e motores a gasolina. Cinco anos depois, com o 14-Bis, sua invenção, foi o primeiro a fazer um voo com um aparelho mais pesado que o ar, publicamente visto e comprovado, e que decolava por seus próprios meios.

 

Fonte: Academia Brasileira de Ciências (ABC) e Wikipedia