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10% das mulheres têm endometriose

Desde que as meninas menstruam pela primeira vez, elas têm de se acostumarem com uma dor abdominal chamada cólica, entretanto, esse desconforto, quando muito forte, pode ser algo mais sério, como a endometriose. Segundo dados do Ministério da Saúde, uma a cada 10 mulheres sofre com essa doença. Devido a sua periculosidade – ela é a principal causa de infertilidade – março é o mês mundial de conscientização sobre esse mal.

O ginecologista e vice-presidente da região Sudeste da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), Agnaldo Lopes, diz que essa doença é conhecida por afetar mais a mulher moderna. “Atualmente, elas têm que desempenhar várias funções no seu dia a dia. Além de trabalhar, também cuidam da casa e dos familiares mais próximos. Ademais, houve também uma queda acentuada no número de filhos, ou seja, as mulheres estão menstruando mais, o que aumenta a possibilidade de ter endometriose”.

O médico explica que durante a menstruação, há a eliminação de parte do endométrio, entretanto, esse procedimento é o inverso para quem possui a doença. “As células podem migrar no sentido oposto e se alojar na cavidade abdominal, multiplicando-se e provocando uma reação inflamatória”.

O principal sintoma da endometriose é cólica forte que impede a mulher de realizar atividades rotineiras. Dores durante as relações sexuais, dificuldade para engravidar após um ano de tentativa e alterações intestinais ou urinárias na menstruação também podem ser sinais. “A recomendação é procurar um médico ao menor sinal de desconforto e prejuízo para realizar as atividades habituais, pois só ele pode orientar o tratamento”.

Diagnóstico e tratamento
Um dos principais fatores que atrapalha no tratamento da endometriose é o tempo que se demora para identificar a patologia. Em média, as mulheres recebem o diagnóstico aos 32 anos, sendo que em 40% dos casos as pacientes já estavam com a doença havia 5 anos ou mais. “Apenas a laparoscopia consegue detectar com precisão a endometriose. Nem o exame ginecológico preventivo e ultrassom mostram o problema. A ressonância magnética consegue detectar nódulos a partir de meio centímetro”.

Porém, é importante ressaltar também que esse mal pode ocorrer tanto na adolescência quanto após os 40 anos. Entre 40% e 50% das adolescentes que têm cólicas intensas podem ter endometriose.

Lopes explica que, após o diagnóstico, o tratamento pode ser feito por meio de cirurgia ou uso contínuo de anticoncepcionais. “A endometriose é uma doença crônica, ou seja, não há tratamentos que acabem efetivamente com ela. Mas o uso contínuo de anticoncepcionais e cirurgia para extrair as lesões são métodos que ajudam a mulher ter uma rotina sem que a endometriose atrapalhe”.

Convivendo com a doença
A publicitária Sarah Angrisano, 35, recebeu o diagnóstico em 2009, mas conta que sentia dores fortes na região abdominal desde 2006. “A minha família sempre teve histórico de problema de coluna, então achei que essa minha dor estava relacionada a isso. Procurei um ortopedista, mas não tinha nenhum problema. Durante uma sessão de acupuntura, o médico sugeriu que eu poderia ter endometriose e procurei um ginecologista para investigar melhor”.

Após o diagnóstico, a doença estava avançada e ela teve que se submeter à cirurgia. “Antes de fazer o procedimento, em um mês, eu tinha dor 25 dias. A dor é algo que realmente acompanha quem tem endometriose. Agora, eu tenho desconforto apenas nos dias próximos a menstruação”.

Atualmente, Sarah não faz uso de nenhum remédio para controlar a doença e diz que também não pretende ter filhos no momento. “Tento controlar a endometriose por meio de atividades físicas. Além disso, mudei a minha alimentação, estou dando preferências para alimentos mais naturais e com menos hormônios”.

Para divulgar e conscientizar outras mulheres sobre o mal, a publicitária está com um projeto: “Correndo contra a endo”. Ela está se preparando para participar da Corrida de São Silvestre e levar informações sobre esse tema. “A gente acha que é normal sentir cólica, mas não é”, finaliza.