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Belo-horizontino perde mais tempo no trânsito que carioca e paulistano, diz estudo

Excesso de carros, falta de vias e muitas horas perdidas. Em muitas cidades ao redor do mundo, o tráfego de veículos é um pesadelo devido aos engarrafamentos. E além do problema parecer não ter solução à vista, o fenômeno global aumenta todo ano.

Um estudo divulgado pela Inrix, empresa especializada em análise de tráfego, quis saber: você já se perguntou quantas horas perdeu no trânsito? A avaliação foi feita em 1.360 cidades nos cinco continentes. E as notícias não são boas para a América Latina nem para Belo Horizonte.

Os dados apontam que Bogotá é a cidade mais congestionada do continente latino, ocupando o terceiro lugar globalmente. A Cidade do México e São Paulo ocupam, respectivamente, o quarto e quinto lugar. O Rio de Janeiro aparece em 7ª posição e Belo Horizonte em 18ª no ranking das cidades mais congestionadas do mundo. Porém, quando são analisados os números de horas perdidas no trânsito o quadro se inverte.

Em questão de tempo parado nas vias, Belo Horizonte ocupa o 11º lugar no ranking, com 202 horas por ano parados. O péssimo tráfego deixa para trás cidades como São Paulo, em 39º com 154 horas, e o Rio de Janeiro, em 13º com 199 horas.

De acordo com dados da BHTrans, empresa de transportes e trânsito da capital, a frota de veículos aumentou 216,81% passando de 655.227, em 1999, para 2.075.823 em 2018. No mesmo período, a população da cidade aumentou 18,19%, passando de 2.116.646, em 1999, para 2.501.576, em 2018. Os números demonstram que a frota de veículos mais que dobrou nesse período, enquanto a população pouco cresceu comparativamente.

Para o engenheiro civil e especialista em trânsito e transportes Iuri Lara, o aumento de carros e motos e os poucos projetos de rotas alternativas para o trânsito culminaram no caos belo-horizontino. “Para uma melhoria real é preciso maior integração entre todos os modais de mobilidade. Um transporte público eficiente, estações de bicicletas mais próximas umas das outras e extensões da malha cicloviária para que as pessoas possam circular com segurança para as estações de ônibus ou metrô. Isso tiraria veículos das ruas. Quanto mais carro, mais trânsito”, avalia.

Já José Aparecido Ribeiro, consultor em assuntos urbanos, não acredita na abordagem da BHTrans. “Não adianta tentar tirar carros da rua na marra. Belo Horizonte é a cidade que mais tem carros por pessoa do país. A BHTrans está estreitando os cruzamentos na tentativa de desestimular o uso do carro, só que não temos um transporte coletivo capaz de receber as pessoas que estão dispostas a deixarem o carro em casa”, afirma.

Para ele, são necessárias obras voltadas para melhoria do tráfego. “Vai ser preciso construir túneis, trincheiras, elevados, passarelas e eliminar semáforos. A Avenida Amazonas tem 45 sinais, se você pegar ela do começo ao fim, vai parar em 32. Já as avenidas Antônio Carlos e Pedro I têm 41 e param pelo menos 25”, cita.

Procurada, a BHTrans disse que não comentaria a pesquisa por desconhecer seu embasamento científico. Em nota, informou que “esse cenário se repete praticamente em todas as cidades de médio e grande porte do país, onde a frota de veículos cresce em valores bem mais expressivos que a população”.

A nota foca nas medidas voltadas para o transporte público. Segundo a empresa, a meta é ampliar o percentual de viagens em modos coletivos e não motorizados em relação ao total de viagens em modos motorizados. Para isso, “diretrizes como a priorização do transporte coletivo, a melhoria da acessibilidade, as ciclovias, os sistemas multimodais de transporte, a revitalização da infraestrutura do sistema viário, a integração dos modos de transporte, as faixas exclusivas para ônibus e outras iniciativas que tornem o transporte público e o não motorizado mais atrativos, ágeis, seguros e confortáveis para os usuários vêm sendo trabalhados”.