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Na onda dos mineiros

Surfista em Minas parece história de pescador, mas o estado que não tem mar tem clube de praticantes e até seu próprio campeonato de surfe. “Tive que montar um espaço na minha loja com as fotos provando porque muita gente duvida”, conta o empresário Kau Cavalcanti, 48, criador do Campeonato Mineiro de Surfe.

O evento, que já está 11ª edição, costuma acontecer no Rio de Janeiro, no mês de setembro, com duas categorias: mineiros residentes em MG e Open Minas, que inclui aqueles que estão morando em outros Estados e nativos de outros locais que residem em Minas há mais de 4 anos. Cavalcanti conta que o contato com o surfe começou no Rio aos 7 anos, onde surfa até hoje. “O surfe estava nascendo no Brasil, meus amigos começaram e meu irmão chegou a ser surfista profissional. É um esporte divertido porque envolve estar com amigos ao mesmo tempo que é uma experiência individual”, diz.

Segundo Cavalcanti, que recebe de 30 a 45 inscrições por evento, as histórias dos surfistas mineiros, geralmente, tem início nas férias ou em intercâmbios. “Começam a praticar e a água salgada entra na veia”.

Paixão de verão
Foi o que aconteceu com o empreendedor Bruno Machado, 34. Nascido e criado em Juiz de Fora, onde mora até hoje, Machado que surfa há 19 anos, só troca a cidade na busca pelas ondas. A história com o mar começou aos 15 anos, em Cabo Frio. “Me apaixonei. Comprei minha primeira prancha e ia surfar nas férias”, lembra.

Não foi uma fase, o juiz-forano nunca mais parou. Criou com amigos o JF Club Surf, o grupo se reúne semanalmente em viagens rumo ao litoral. Ubatuba, Rio de Janeiro e, principalmente, a Região dos Lagos, que engloba Cabo Frio, Arraial do Cabo, Monte Alto, Figueira, Saquarema e Búzios costumam ser os principais destinos dos surfistas mineiros, incluindo membros de Belo Horizonte, Divinópolis e São João del-Rei.

O desafio de ser mineiro e surfar é geográfico. “Ter de lidar com a distância e a fissura durante a semana porque não dá para ir sempre é o principal desafio”, fala Machado. Mesmo assim, não há substituto para o esporte. “No surfe há um contato maior com a natureza, o que envolve e transmite um estilo de vida. Não é nem um esporte, é uma filosofia de vida, uma forma de ver o mundo e encarar as coisas. Tem esse lado lúdico forte”.

Esperança brasileira
A um ano e meio das Olimpíadas de 2020, em Tóquio, atletas da categoria não disfarçam a confiança na estreia do surfe como esporte olímpico. Desde que Gabriel Medina conquistou o bicampeonato no Mundial de Surfe, a geração apelidada de “Brazilian Storm” (tempestade brasileira) tem gerado expectativa alta.

Milton Waksman, 59, presidente da Associação de Surfe da Barra da Tijuca, um dos berços do surfe no Rio de Janeiro, acredita em medalha de ouro. “Tem muita chance do Brasil ganhar ouro com Medina e Felipinho. Não são muitos os esportes em que o Brasil briga pelo pódio nas Olimpíadas, no surfe, mesmo sendo a primeira vez, a chance é grande”.

Na opinião do experiente surfista, Austrália e EUA são os países que podem dar trabalho para o Brasil na competição. Ele acrescenta que não é só reconhecimento que o esporte ganha nos jogos de Tóquio. “Vai ajudar a evoluir muito e passar a ser levado mais a sério, uma vez que recebe verba do Comitê Olímpico Internacional. O que também atrai patrocinadores, que gostam de se envolver com esportes olímpicos”.

Para quem sonha em se equilibrar na prancha, Waksman desaconselha qualquer tipo de aventura sem preparo. “É um esporte difícil. A forma mais segura para quem tem interesse em começar é entrar em uma escolinha de surfe. Igual para aprender a andar de carro. Para saber o básico: os perigos, em que mar entrar e qual prancha usar de acordo com seu peso”.