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Corpos, tradições e movimentação da economia: um pouco do que rolou na Mostra de Tiradentes 2019

A 22ª Mostra de Cinema de Tiradentes, que aconteceu de 18 a 26 de janeiro, voltou a movimentar a cidade com a oferta de uma programação abrangente, intensa e gratuita. Em 9 dias de evento, mais de 37 mil pessoas circularam pelo município e lotaram as sessões de cinema, debates, oficinas e atrações artísticas da mostra.

O evento, que abre o calendário audiovisual brasileiro, apresentou um conjunto de filmes com estéticas, linguagens e temáticas contemporâneas. Além disso, colocou em pauta questões relacionadas às identidades por meio da exibição de 108 filmes. “Esta mostra está viva e hoje é uma realidade porque existe quem acredita e tem compromisso com a cultura, quem investe, trabalha, marca presença, aplaude, acontece e faz. É importante ter um entendimento de que a indústria do entretenimento, a que mais cresce no mundo, gera empregos, renda e oportunidades”, comemora Raquel Hallak, coordenadora da Mostra Tiradentes.

Corpos adiantes
“O corpo na tela, no palco e na plateia. Corpos cênicos e corpos-cinema, corpos da realidade e corpos da ficção”, assim foi definida a temática da Mostra deste ano: “Corpos adiantes”.

Proposta pelo coordenador curatorial Cléber Eduardo, a ideia é expandir. “Antes do corpo no cinema, o corpo está em todo lugar”, introduz o curador. “Se estes corpos como pluralidade são em parte homogeneizados pelo capital investido, consumido e lucrado com suas superfícies e com seus organismos, estes mesmos corpos também são as matérias a partir das quais se travam alguns dos principais debates e embates em torno de identidades em geral, das perseguições e dos cultivos das origens étnicas e raciais às transformações, manutenções e ampliações das origens de gênero”, explica.

Tradições
Questões caras da sociedade brasileira nos últimos anos, como raça, gênero, violência, opressão e o papel do Estado na vida econômica e social de indivíduos estamparam às telas. Filmes como “Temporada” (André Novais Oliveira), “Tremor Iê” (Lívia de Paiva e Elena Meirelles), “A Rainha Nzinga Chegou” e “Negrum3” (Diego Paulino) pautaram as temáticas.

“Quando digo que tudo é para todo mundo, é porque é. O caminho é longo, mas ele é nosso também e uma hora ele chega”, disse Isabel Gasparino, falando da emoção de discutir, em Tiradentes, um filme que trata de ritos transmitidos por sua avó e sua mãe e de heranças africanas que as acompanham por toda a vida.

No filme, ela viaja à África em busca de suas raízes e das origens da Rainha Nzinga, experiência registrada no filme dela e da codiretora Junia Torres. “Ir ao Congo foi um renascimento e uma reafirmação de que tudo que eu tinha aprendido sobre meus antepassados era verdadeiro”, exaltou.

Economia
Em tempos que o investimento em cultura é alvo de fake news, a mostra se reafirmou como evento de importância nacional e da defesa da cultura como fundamental no desenvolvimento de um país.
A produção audiovisual equivale, atualmente, a 2,64% do PIB brasileiro, empregando diretamente cerca de 1 milhão de pessoas, envolvendo 200 mil empresas e gerando R$ 10,5 bilhões de impostos diretos, segundo dados do Ministério da Cultura. Evidenciando a economia da cultura como uma das áreas de maior efervescência no crescimento nacional.

 

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