“O projeto nada mais é do que um apanhado de pessoas que sentam para ouvir uma história do nosso tempo e espaço”. É assim que o idealizador e coordenador Vinícius Souza descreve o projeto Janela de Dramaturgia. Criado em 2012, o programa está em sua 6ª edição no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), na Praça da Liberdade.
Souza conta que tudo começou quando ele e Sara Pinheiro, também dramaturga de Belo Horizonte, pegaram seus textos de teatro e leram para os amigos em casa. “Como não havia espaço para novos autores na capital, só ia para cena quem fazia parte de um grupo de teatro ou tivesse alguém que produzisse a peça. Caso contrário, a pessoa tinha que levantar todos os recursos para a produção da peça”.
Ele acrescenta que começaram a fazer eventos mais informais e refletiram que isso poderia ser expandido e se tornar algo maior. “A primeira parceria foi com o grupo de teatro Espanca!.Eles já tinham uma representação significativa de escrita para teatro e nova dramaturgia. Além disso, fomos bem acolhidos pelo público, imprensa e tivemos grande força de apoiadores”, relembra.
Souza explica que o Janela de Dramaturgia foi crescendo e tomando novos formatos. “O foco principal é a leitura de textos inéditos e novos autores, mas, com o passar do tempo, ele acabou se tornando uma espécie de festival de dramaturgia contemporânea porque, além da leitura, a gente também promove um bate-papo com os autores, oficinas e workshops, lançamento de livros, palestras e uma série de outras atividades que passaram a compor essa mostra”.
Primeira vez
Neste ano, o projeto é patrocinado pelo Banco do Brasil e, por isso, o Janela de Dramaturgia está no CCBB. “Essa é uma oportunidade de expandir ainda mais o programa. Além disso, ele passa a ter caráter nacional. No início estávamos focados em produções de BH, mas agora passamos a convidar autores de outras cidades e estados”.
Um dos critérios de seleção dos textos é, inclusive, a diversidade. “Tanto de perfis dos autores, como no estilo de escrita e modo de pensar. Temos novatos, veteranos e personagens distintos. Estruturas mais anárquicas, as que se aproximam mais da cultura e documentário, além da diversidade geográfica. Todos os anos tentamos contemplar as cinco regiões do país. Este ano só não conseguimos a presença de alguém do Norte”.
Valor
Para Souza, a importância do projeto é a valorização da arte e cultura local. “As pessoas desconhecem que têm jovens escrevendo teatro. Temos uma tendência a conhecer o clássico e não quem escreve agora. Quando elas tomam conhecimento do novo, se veem retratadas no texto. É curioso ver como vários textos têm BH como cenário. Isso é estimulante porque a gente percebe melhor a cidade que vivemos, as pessoas que estão ao nosso redor e todas as questões retratadas”.
Outro ponto importante é que o projeto dá voz às pessoas e estimula a escuta. “Em tempos onde o fascismo está se alastrando de maneira absurda e o diálogo não é mais praticado, isso ajuda as pessoas a tomarem decisões que são do coletivo”.
Como participar
O idealizador conta que sempre que se encerra uma edição, uma chamada pública é aberta para captação de novos autores. “Em geral, esse processo acontece pela internet, por meio do nosso site e redes sociais. A gente convida as pessoas a enviarem seus textos para uma seleção. É um jeito de entender o que ela está produzindo e pensar na programação do próximo ano. Estamos sempre abertos a conhecer novos textos e autores”.