Quem pensa que apenas cães e gatos podem ser companhias para os humanos está errado. Animais exóticos e silvestres estão ganhando cada vez mais o gosto dos brasileiros. Para se ter uma ideia, no Vale Verde Parque Ecológico, em Betim, na Grande BH, mais de mil pessoas, de todos os cantos do país, aguardam na fila de espera por uma jiboia.
Uma dessas pessoas que optaram por ter animais nada convencionais é o biólogo George Myller. Ele conta que sempre teve bichos de estimação durante a infância, como cães e periquitos, e a vontade de ter um diferente surgiu durante a graduação. “No primeiro período de faculdade, iniciei um estágio em um mantenedouro de serpentes e, após dois anos trabalhando lá, adquiri meus primeiros répteis: o Tofú e a Fran, um casal de lagartos Teiús”.
Além dos dois lagartos, atualmente, ele tem quatro serpentes e uma coruja, sendo que a primeira cobra chegou a sua casa 15 dias após Tofú e Fran. “Como répteis não dão trabalho, logo comecei adquirir mais animais”.
Myller relata que os animais não necessitam de muita manutenção: as serpentes precisam de um recinto elaborado especialmente para ela. “Faço a troca da água todos os dias, a alimentação é feita a cada 15 ou 21 dias e, todas às vezes que defecam ou urinam, o que acontece a cada 10 ou 15 dias, é feita a higienização do recinto”.
Já a coruja tem que comer dois camundongos por dia e, como sinal de saúde, precisa fazer uma “pelota”, ou seja, deve vomitar todo pelo do animal que come. “Além disso, ela fica atrela a um poleiro, que é o modelo de criação que usamos”.
Ademais, os animais também são utilizados por ele durante suas aulas de educação ambiental. “Quando mostramos um lagarto dormindo, a reação das mães é fantásticas! Elas ficam surpresas e as crianças adoram a forma como eles deitam”.
Quando questionado sobre como eles reagem ao afeto humano, Myller afirma que define o amor que tem pelo seus bichos como platônico. “Dou carinho, mas para eles não faz diferença, pois não têm a capacidade de desenvolver afeto ou ódio. Entretanto, para mim, o fato deles não corresponderem não importa”.
Cuidados específicos
A médica veterinária Erika Fruhvald afirma que existem diversas espécies que podem ser criadas no ambiente doméstico e que algumas podem ser até mais fáceis de cuidar do que cães e gatos. Entretanto, antes de adquiri-los, é necessário pesquisar bastante para oferecer as condições corretas ao animal. “Se for um réptil, é preciso ter um terrário com as condições de temperatura e luminosidade. Agora, se é coelho, os cuidados são parecidos com os de um gato, por exemplo, mas ele rói as coisas e pode ingerir algo. Essas informações são essenciais para quem planeja ter bicho”.
[box title=”ATENÇÃO! ” align=”center”]Antes de comprar ou adotar qualquer animal pesquise para saber os hábitos e o que eles demandam para ter qualidade de vida.[/box]
Outro fato destacado pela profissional é a forma de se adquirir esses bichos. Ela informa que os silvestres (encontrados na fauna brasileira) e os exóticos (aqueles que não há no Brasil) devem ser comprados em locais credenciados pelo Ibama, os pais têm que ser de cativeiro e o vendedor deve entregar o animal com nota fiscal, documento que comprova o registro e seu parentesco, parecido com o pedigree de cães e gatos de raça.
Já os considerados domésticos, como coelho, canarinho belga e porquinho da índia, podem ser comprados sem nenhuma documentação. “Animais exóticos, como píton, não são possíveis comprar de maneira legalizada. Tem que tomar cuidado em relação a isso”.
Outra peculiaridade é em relação à saúde desses animais. Erika ressalta que os veterinários que prestam assistência tem que ter estudado mais do que os tradicionais cães e gatos. “Devem ser profissionais especializados nesses pets não convencionais, porque eles saberão melhor como diagnosticá-los”, finaliza.
[box title=”” align=”center”]NUNCA compre um animal que não tenha os documentos corretos. Além da pena (6 meses a 1 ano de prisão) e multa que você possa pagar (de R$ 500 a R$ 5.000), estará financiando o tráfico ilegal.[/box]