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3,6 milhões de pessoas estão em busca do diploma

Nos planos de Camila Gomes, 21, a conclusão do ensino médio seria adiantada alguns meses. Depois de duas reprovações, ela se matriculou em um Centro Estadual de Educação Continuada (Cesec) para conseguir seu diploma mais rápido. Mas não foi isso o que aconteceu. Após uma mudança de cidade e o acréscimo de uma nova jornada de trabalho, suas prioridades mudaram. “Acabei demorando 3 anos para concluir. Não consegui transferir o banco de horas que realizei, então tive que cumpri-las na sala de aula para conseguir fazer as outras matérias”, conta.

Abandonar ou adiar a conclusão da educação básica – ensino infantil, fundamental e médio, é uma realidade de muitos brasileiros. Os dados do Censo Escolar, divulgado em 2017 pelo Ministério da Educação (MEC), revelaram que 12,9% e 12,7% dos alunos matriculados na 1ª e 2ª série do ensino médio, respectivamente, evadiram da escola entre os anos de 2014 e 2015. O 9º ano do ensino fundamental tem a terceira maior taxa de evasão, 7,7%, seguido pela 3ª série do ensino médio, com 6,8%. Considerando todas as séries do ensino médio, a evasão chega a 11,2% do total de alunos nessa etapa de ensino.

A migração para a Educação de Jovens e Adultos (EJA) é expressiva. Segundo o Censo Escolar 2018, são 3,6 milhões de alunos frequentando a modalidade de ensino. De acordo com o MEC, após longo período de queda, as matrículas do ensino fundamental da EJA são estáveis (2.172.904), com um pequeno aumento em 2017 (67.369). Já a oferta de EJA de ensino médio teve aumento de 3,5% em 2017 e soma de 1.425.812 alunos.

Apesar dos avanços, a situação da educação no Brasil ainda é delicada. Conforme o relatório Education at a Glance 2017 publicado pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), em 2015, mais da metade dos adultos, com idade entre 25 e 64 anos, não tiveram acesso ao ensino médio e 17% da população sequer tinham concluído o ensino fundamental.

Moradora do município de Bambuí, Margarete Gomes, 50, frequenta o Cesec da cidade. “Antigamente, nos meus 14 anos, os pais eram muito rígidos. O meu deu a opção de namorar ou estudar. Escolhi namorar e parei os estudos”, explica a dona de casa que concilia o trabalho de auxiliar de serviços gerais com os estudos sem complicação. “Tenho total apoio. A professora sempre está presente para tirar dúvidas e auxiliar. Não acho as provas difíceis”.

O instrutor de autoescola Adilson Rossi, 53, não teve a mesma sorte. Na década de 1980, o colégio em que ele concluiu o ensino fechou as portas, deixando-o sem diploma. Com o objetivo de cursar uma graduação, ele tentou o certificado de conclusão pelo Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), o que não é mais possível.
Sem sucesso, descobriu o Cesec Poeta Murilo Mendes, localizado no bairro Floresta na capital. “As matérias não são difíceis. O problema é que na modalidade presencial o professor não explica a matéria. Observava que muitos tinham e acredito que ainda tenham dificuldades, principalmente os mais velhos. O professor ficava na sala só para tirar dúvidas”, explica o agora aluno do curso de tecnólogo em Segurança no Trânsito.

[box title=”Como concluir a educação básica” bg_color=”#85a2bf” align=”center”]De acordo com a Diretoria de Educação de Jovens e Adultos da Secretaria de Educação do Estado de Minas Gerais (SEE-MG), qualquer interessado, com idade mínima de 15 anos, pode se inscrever gratuitamente das seguintes formas: [/box]

[box title=”Ensino Regular” bg_color=”#ddad66″ align=”center”]Para aqueles em dúvida, e com menos de 18 anos, é sempre bom lembrar que a modalidade tradicional ainda é a melhor e mais eficaz forma de concluir os estudos. Ensinamento de quem passou pela situação. “É bem difícil ter disciplina quando se tem muita liberdade. Foi um alívio imenso (finalizar os estudos). Aquele sentimento de ter uma etapa da vida concluída, mas me arrependi bastante de ter saído da escola”, lembra Camila.[/box]

[box title=”Educação de Jovens e Adultos (EJA)” bg_color=”#ddad66″ align=”center”]A modalidade presencial engloba os anos finais do ensino fundamental e todo o ensino médio, no qual cada ano corresponde a um período de 6 meses. Ou seja, é possível concluir o fundamental em 2 anos e o médio em um ano e meio. A EJA é oferecida nas escolas estaduais e municipais, interessados devem procurar a instituição mais próxima de sua casa para informações detalhadas apresentando o histórico escolar e documentos pessoais.[/box]

[box title=”Centros Estaduais de Educação Continuada (Cesecs)” bg_color=”#ddad66″ align=”center”]Em BH são dois, um no bairro Floresta e outro em Venda Nova. O aluno se matricula em uma disciplina por vez e tem um professor para auxiliá-lo, optando pelos turnos da manhã, tarde ou noite, depois de preparado, marca a sua avaliação. É preciso cumprir uma carga horária de 16h. O estudante deve ter no mínimo 18 anos.[/box]

[box title=”Banca permanente por área de conhecimento” bg_color=”#ddad66″ align=”center”]Sem apoio de professores e sem necessidade de completar carga horária, o aluno estuda por conta própria e pode solicitar a aplicação dos exames especiais nos Cesecs. As provas podem ser feitas em qualquer época do ano e são testadas cinco áreas de conhecimento.[/box]

[box title=”Exame Nacional para Certificação de Competências de Jovens e Adultos (Encceja)” bg_color=”#ddad66″ align=”center”]Obtenção do diploma nas modalidades do ensino fundamental e/ou médio. A prova é anual e o aluno é avaliado por área de conhecimento separadamente. Para se preparar para o exame, o MEC disponibiliza em sua página na internet o material didático pedagógico de apoio aos participantes composto por um volume introdutório e oito volumes de orientações para o estudante (quatro para o ensino fundamental e quatro para o médio).[/box]